Assim como acontece com outras doenças, a esclerose múltipla também é cheia de estigmas. Algumas pessoas acreditam, por exemplo, que ela só acontece com pessoas mais velhas – o que não é verdade.

Para saber como identificar e tratar a esclerose múltipla, é importante saber mais sobre ela. Por isso, separamos um compilado bem completo de informações. Continue a leitura!

O que é esclerose múltipla?

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e progressiva que afeta o sistema nervoso central (medula espinhal e encéfalo). Nela, o sistema imunológico passa a agredir a bainha de mielina, uma capa de proteção dos neurônios. Conforme essa agressão ocorre, ela chega ao sistema nervoso, comprometendo seu funcionamento.

Essa doença é classificada como degenerativa e pode ser debilitante, pois causa danos em todas as áreas do corpo. É importante identificá-la e iniciar o tratamento o quanto antes para reduzir ao máximo os danos.

Estima-se que 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo tenham EM, sendo 40 mil no Brasil. Abaixo você confere um vídeo que fala um pouco sobre esse como ocorre a esclerose múltipla.

Quais são os sintomas da esclerose múltipla?

A primeira fase dos sintomas é sutil, com sintomas breves que acontecem a qualquer momento e duram apenas uma semana. Com isso, é comum que as pessoas não deem importância e não busquem o tratamento.

Porém, é importante saber quer as primeiras manifestações podem ter sintomas que vem e vão como as pequenas turvações da visão e pequenas alterações no controle da urina.

Quando o quadro começa a evoluir, surgem sintomas que causam mais impacto como:

  • formigamentos, dormência, ardor e coceira nos braços, pernas, tronco ou face;
  • perda de força ou destreza em uma perna ou mão;
  • problemas de visão (visão turva ou clara, dor ao mover o olho etc.);
  • vertigem;
  • tontura;
  • fadiga;
  • em alguns casos, pode ocorrer menor sensibilidade ao toque.

Conforme a doença progride, outros sintomas mais graves podem começar a aparecer, sendo eles:

  • movimentos trêmulos, irregulares e ineficazes;
  • paralisias parciais ou completas;
  • contrações musculares involuntárias (espasticidade);
  • linguagem prejudicada, lenta com sussurros e titubeações;
  • dificuldade de controle emocional;
  • memória afetada;
  • problemas para controlar a bexiga e/ou o intestino;
  • demência (em casos mais graves).

Os sintomas podem variar bastante, além de mudar de intensidade, por isso, em caso de suspeita, é importante buscar o quanto antes um neurologista.

Uma dúvida bem frequente é sobre como diferenciar os sintomas da esclerose múltipla de outros problemas neurológicos. Porém, a esclerose múltipla tem como característica a evolução dos sintomas, que surgem aos poucos e atingem a intensidade máxima em até quatro semanas. Depois, eles desaparecem. Esses episódios são conhecidos como “surtos”.

Tipos de Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla pode avançar e retroceder de forma imprevisível, mas existem padrões de sintomas comuns que são classificados em tipos, como você verá a seguir.

Esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR)

É o tipo mais comum de EM. Nele, há períodos de surtos seguidos de melhoras completas ou com leves sequelas. Não ocorrem pioras entre um surto e outro. Pesquisas do passado constatavam que a maioria dos pacientes com este tipo, após 10 anos evoluíam para a EMSP, também conhecida como “secundariamente progressiva”. No entanto, de acordo com o portal Esclerose Múltipla Brasil, atualmente, o diagnóstico mais rápido e os tratamentos atuais podem ter mudado este quadro.

Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP)

Esta forma de EM está presente em 15% a 20% dos pacientes. Neste tipo, as pessoas com Esclerose Múltipla não se recuperam totalmente das crises e acumulam sequelas. Esta fase também é marcada pela progressão da doença sem que haja surtos.

Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP)

Neste tipo, as crises pioram gradativamente, lenta e constantemente. Ela ocorre entre 10% a 15% dos casos e o diagnóstico é mais difícil, uma vez que não há surtos bem definidos e é preciso verificar a piora progressiva dos últimos 12 meses. Algumas pessoas vivem por anos sem incapacidades graves, enquanto outras as têm desde o diagnóstico.

Esclerose múltipla progressiva com surtos (EMPS)

Esta forma de EM é mais rara, acometendo menos de 5% dos pacientes. Ela tem início progressivo com surtos bem definidos, é uma forma mais rápida e agressiva, e até mesmo o período entre os surtos tem progressão contínua.

O que causa a esclerose múltipla?

A causa da esclerose múltipla ainda é desconhecida, mas já se sabe que ela envolve predisposição genética e fatores ambientais.

Caso os pais ou irmãos tenham esclerose múltipla, as chances de desenvolvimento são maiores. A falta de vitamina D também está relacionada, assim como o tabagismo, obesidade, infecções virais (vírus Epstein-Barr) e exposição a solventes orgânicos.

A esclerose múltipla pode ocorrer em qualquer idade, sendo que a faixa etária mais afetada é dos 20 aos 40 anos.

Como diagnosticar esclerose múltipla?

O diagnóstico costuma ser feito por meio da avaliação clínica, em que o médico analisa sinais, sintomas e analisa estímulos do sistema nervoso usando testes físicos. Depois, há a realização da ressonância magnética para verificar as zonas de desmielinização no cérebro e na medula espinhal. Também podem ser solicitados exames de sangue e punção lombar.

Esclerose múltipla tem cura?

Infelizmente, a esclerose múltipla não tem cura, mas seu tratamento é muito importante, pois pode barrar a evolução e controlar sua agressividade. Já existem diversos remédios (injetáveis, endovenosos, orais, subcutâneos etc.), e o médico deve avaliar a resposta à medicação, uma vez que cada paciente pode responder de uma maneira.

Além disso, o ideal é que o paciente tenha o apoio de uma equipe multidisciplinar que, além do neurologista, também conte com oftalmologista, fisioterapeuta, gastroenterologista, psicólogo, psiquiatra, urologista e fonoaudiólogo.

A prática de exercícios pode ajudar a fortalecer os ossos, melhorar o humor, além de auxiliar para controlar alguns sintomas, inclusive a fadiga. A fisioterapia pode ajudar a reformular o ato moto e dar ênfase para a contração dos músculos que estejam preservados.

Raramente a EM é fatal, mas o acúmulo das sequelas e o avanço da doença podem causar infecções urológicas, pulmonares e dificuldade para engolir, reduzindo a expectativa de vida. Já o tratamento ajuda a evitar o agravamento e possibilita melhora na qualidade de vida.

Pessoas com esclerose múltipla

Entre os mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo que convivem com a esclerose múltipla estão anônimos, famosos, crianças, adolescentes, idosos, adultos, homens, mulheres, enfim, todos os perfis. Como mostramos em nossa campanha “Múltiplas Possibilidades”.

Abaixo, você confere algumas celebridades que já revelaram ter esclerose múltipla.

Selma Blair

A atriz muito conhecida por filmes como “Legalmente Loira” e “Hellboy” recebeu o diagnóstico em 2018. Em 2021, ela lançou um documentário falando sobre sua batalha desde o diagnóstico. Ele se chama “Selma Blair – A Batalha contra a Esclerose Múltipla” e está disponível no Brasil por meio da plataforma de streaming Discovery+. Veja o trailer:

Christina Applegate

Christina ficou muito conhecida por papeis em “Perfeita é a mãe” (Bad Moms) “Um Amor de Família” (Married… with Children) e “Disque Amiga para Matar” (Dead to Me) desabafou em agosto de 2021 em seu Twitter sobre o diagnóstico.

Claudia Rodrigues

A atriz muito conhecida por seu papel “Marinete” de “A Diarista” trava a batalha há mais de 22 anos. Desde o seu diagnóstico, já passou por diversas internações.

Guta Stresser

Conhecida como a Bebel de “A Grande Família”, Guta Stresser descobriu o diagnóstico recentemente e deu um depoimento para o Fantástico falando sobre como foi esse processo.

Ana Nogueira

Diagnosticada em 2009, durante as gravações de “Caminho das Índias”, a atriz conta que ficou muito abalada no início e que, após surtos cognitivos iniciais, iniciou o tratamento e não teve mais episódios.

Jack Osbourne

Filho do famoso roqueiro Ozzy Osbourne teve o primeiro sintoma em 2012, quando perdeu cerca de 80% da visão do olho direito.

Louise Wischermann

Conhecida por ter sido paquita da Xuxa entre os anos de 1986 e 1989, foi diagnosticada em 2005, quando tinha 30 anos.

Após o diagnóstico, é reconfortante saber que não se está sozinho e buscar o máximo de informações possíveis para lidar com o problema. A organização Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) foi fundada em 2012 com este propósito. Saiba mais sobre ela.

Dia Mundial da Esclerose Múltipla

A conscientização e a busca pelo tratamento são primordiais, por isso foi criado o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, comemorado em 30 de maio. Além disso, também existe o Agosto Laranja, criado pela AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose.

Você pode ajudar nesta luta pela conscientização também, ao compartilhar informações como este artigo. Veja também a nossa campanha completa!