A doação de medula óssea é importante, pois pode ajudar no tratamento de mais de 80 doenças, mas é preciso haver compatibilidade entre doador e paciente. O grande problema é que a cada 100 mil pacientes, apenas 1 é compatível e só em 25% dos casos há compatibilidade de um familiar.

Já a doação de órgãos, muitas vezes, é a única esperança de vida para alguém e pode transformar finais em recomeços. Doar é sinônimo de vida. Para saber mais sobre estes dois tipos de doações, continue a leitura!

Doação de medula óssea

No dia 19 de setembro, ocorre o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea (WMDD). Se você tem vontade de realizar a doação de medula óssea, poderá conferir agora o que é medula óssea, qual sua função para o corpo, como funciona o procedimento e se pode causar dor. Veja abaixo.

O que é medula óssea e para que ela serve?

A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso encontrado no interior dos ossos. Ele é conhecido popularmente como “tutano”.

Sua função é produzir os leucócitos (glóbulos brancos) que defendem o organismo das infecções; as hemácias (glóbulos vermelhos) que auxiliam no transporte do oxigênio dos pulmões para o corpo e o gás carbônico do corpo para os pulmões; e as plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue.

A doação da medula é importante para pacientes com doenças que comprometem a produção de células sanguíneas como as leucemias. Ela também pode auxiliar portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita.

Como funciona a doação de medula óssea?

Existem dois métodos de doação. O primeiro é realizado no centro cirúrgico, com anestesia peridural ou geral e necessita de internação de 24 horas. Nele, a medula é coletada por meio de punções dos ossos da bacia. A duração total do procedimento é de, em média, 90 minutos e a medula do doador se recompõe em 15 dias.

O outro método é a coleta por aférese. Nela, o doador precisa usar medicação por cinco dias para aumentar o número de células tronco do sangue. Depois, a doação é feita em uma máquina de aférese, que coleta o sangue pela veia, separa as células tronco e devolve os outros elementos que não são necessários. Não é utilizada anestesia, nem é necessária internação.

Os médicos do doador e do paciente são responsáveis por decidir qual o melhor método de acordo com cada caso.

A doação de medula óssea dói?

Não. Em nenhum dos dois métodos (ósseo e venoso), há dor. No primeiro, é utilizada a anestesia e há apenas desconforto localizado, de leve a moderado, que é controlado por medidas simples e analgésicos. Após o procedimento cirúrgico, os doadores podem voltar às suas atividades habituais após a primeira semana. Por via venosa, é realizada apenas a punção e a inserção da agulha.

Quem pode doar medula óssea?

Para se tornar um doador de medula óssea, basta ter entre 18 e 35 anos de idade, estar bem de saúde e não ter doença infecciosa, incapacitante, neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.

Como se cadastrar para ser doador de medula óssea?

O cadastro pode ser realizado em qualquer hemocentro. No momento do cadastro, será realizado o preenchimento de uma ficha com dados pessoais e a coleta de um pouco de sangue.

O material é analisado e cadastrado no bando de dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Caso o doador seja compatível com algum paciente, ele é chamado para realizar a doação.

Doação de órgãos no Brasil

No Brasil, todos os anos temos a campanha Setembro Verde, que está relacionada ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro.

Ele tem como objetivo incentivar as pessoas a conversarem com seus familiares sobre o desejo da doação de órgãos, pois, ainda que este desejo seja expresso em documentos, somente a autorização da família tem valor legal para que a doação seja realizada.

Dificuldades da autorização de doações de órgãos

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de cada oito potenciais doadores, apenas um é notificado. Enquanto na Espanha, referência em doação de órgãos, há 40 doadores para cada milhão de pessoas, no Brasil ainda não conseguimos chegar aos 20 doadores por milhão. Em 2017, estávamos com 16,6 (ppm).

Uma das maiores dificuldades quando se trata da doação de órgãos é justamente a recusa dos familiares. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizou um estudo que identificou três motivos principais para que isso ocorra. São eles:

  1. Incompreensão sobre o diagnóstico de morte encefálica: muitas pessoas não entendem que a morte encefálica é irreversível e acreditam que a pessoa está viva, dificultando a autorização da remoção de órgãos.
  2. Religiosidade: algumas famílias se colocam contra a doação de órgãos por conta da religião. Porém, de acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE), nenhuma religião é contra a doação de órgãos.
  3. Falta de preparo do profissional que realizou a entrevista: em alguns casos, o profissional não estava suficientemente preparado para ter a conversa sobre a doação e obter o consentimento.

É importante lembrar-se de que a doação de órgãos salva muitas vidas e muitas mais poderiam ser salvas com o aumento das autorizações. Doar órgãos é um ato de compaixão e solidariedade.

Mudanças na lei de doação de órgãos e medula óssea

Durante a pandemia de covid-19, houve uma queda no número de doações de órgãos. O Ministério da Saúde informou que, apesar dos programas de transplantes terem sido mantidos, ocorreu uma redução de 40% nos procedimentos. Apesar disso, existem boas notícias: a taxa de recusa das famílias reduziu de 39,9 (2019) para 37,2% em 2020. Além disso, o Senado está analisando alguns projetos de lei que facilitam a doação de órgãos e de medula óssea:

PL 3.176/2019: institui a doação de consentimento presumido. Neste caso, a pessoa com mais de 16 anos que não se manifeste contra a doação, após a sua morte, é considerada doadora até que se prove o contrário. O projeto também prevê penas mais duras para remoção, compra, venda e transplantes ilegais de órgãos.

PLS 405/2012: também institui a doação de consentimento presumido e propõe que a pessoa que não deseje doar órgãos coloque na carteira de identidade a expressão “não doador de órgãos e tecidos”.

Existem ainda outros projetos como a PL 1.823/2019, que propõe a extensão do benefício da meia entrada à doadores de medula óssea em cinemas, teatros, eventos e outros locais, e a PL 1.855/2020 que regulamenta atendimento prioritário de doadores de medula óssea e doadores de sangue em repartições públicas, empresas concessionárias de serviços públicos e instituições financeiras. Saiba mais.

Só é possível realizar a doação de órgãos após a morte?

Não. É possível realizar a doação de órgãos ainda em vida, no caso das doações dos rins, parte do fígado, pulmão e medula óssea. Já no caso de pessoas mortas, existem dois casos:

  • Morte cerebral: nesses casos, é possível doar fígado, pâncreas, coração, pulmões, rins, intestinos, córneas, vasos, pele, ossos e tendões.
  • Parada cardiorrespiratória: apenas os tecidos podem ser doados, como córnea, vasos, pele, ossos e tendões.

Em ambos os casos, a morte encefálica precisa ser confirmada. Vale lembrar que a doação após a morte pode salvar mais de vinte vidas.

Quem pode ser um doador em vida?

A doação em vida pode ocorrer se o transplante não comprometer as aptidões vitais. De acordo com a Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), o doador precisa ter mais de 21 anos e boas condições de saúde. Para doar em vida, você pode se cadastrar no site da Adote, fazer seu cadastro e baixar seu cartão de doador.

Quem não pode doar?

As restrições para a doação de órgãos são para aidéticos e pessoas com doenças infecciosas ativas como, hepatites B e C, Doença de Chagas, entre outras. Pessoas com doenças degenerativas crônicas ou tumores malignos, pacientes em coma, que tenham sepse, insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas (IMOS) também não são permitidos. Geralmente, fumantes também não podem realizar a doação de pulmões.

Por fim, é importante dizer que o procedimento pode ser realizado pelo SUS e não gera custos, nem para a retirada dos órgãos, nem para os procedimentos de manutenção do potencial doador. Além disso, quando a doação ocorre após a morte, o transplante é realizado por meio de uma cirurgia tradicional e o corpo é reconstituído, podendo, portanto, ser velado normalmente.

Embarque conosco nessa missão para aumentar o número de doações de medula óssea e de doações de órgãos. Compartilhe este artigo!

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