Nos últimos anos, o vape, ou cigarro eletrônico, conquistou uma legião de adeptos, principalmente jovens, atraídos pela ampla variedade de sabores, pela praticidade de uso e pela crença de que ele seria uma alternativa menos prejudicial ao cigarro tradicional. 

Além disso, muitos acreditam que o vape pode até ajudar a parar de fumar. Mas será que é verdade ou o vape faz mal? Hoje trouxemos informações de fontes confiáveis para tirar essa dúvida. Confira!

O que é vape?

O vape, também conhecido como cigarro eletrônico, e-cigarro ou e-cigarrete, é um dispositivo eletrônico projetado para simular a experiência de fumar sem a necessidade de queimar tabaco. Em vez disso, ele aquece um líquido, chamado de e-líquido, que geralmente contém propileno glicol, glicerina vegetal, sabores artificiais e, às vezes, nicotina. 

Esse líquido é transformado em vapor, que é então inalado pelo usuário. Esse processo é diferente da combustão encontrada nos cigarros tradicionais, onde o tabaco é queimado para produzir fumaça.

Os vapes vêm em vários tamanhos e estilos, desde modelos compactos que se assemelham a pen drives até versões maiores e mais avançadas. Apesar das diferenças no design, todos os vapes têm componentes comuns, como uma bateria, um atomizador (que aquece o líquido), um sensor, um microprocessador e, muitas vezes, uma lâmpada de LED que mostra quando o dispositivo está em uso.

Outros tipos de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF)

Além dos vapes, existem outros dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) que funcionam com bateria. Aqui estão três tipos adicionais:

  • Cigarros aquecidos (Heet/HeatStck): dispositivos que aquecem o tabaco ou um produto contendo tabaco, produzindo aerossóis com nicotina e produtos químicos. Em vez de queimar o tabaco, eles utilizam calor para liberar o nicotina e outros compostos.
  • Vaporizadores de ervas secas: estes aparelhos são projetados para aquecer ervas secas, como tabaco picado ou outras plantas, para criar um aerossol que é inalado. Eles funcionam de maneira semelhante aos vapes, mas são usados com ervas em vez de líquidos.
  • Produtos híbridos: estes dispositivos combinam características de vapes e vaporizadores de ervas secas. Eles possuem dois reservatórios: um para líquidos e outro para ervas secas, permitindo ao usuário alternar entre diferentes formas de consumo.

É importante lembrar que, independentemente do tipo de DEF, todos eles podem ter impactos na saúde. Portanto, é sempre bom estar informado e considerar os riscos associados ao seu uso.

Como o vape faz mal?

Ao contrário do cigarro que funciona por meio da queima do tabaco, o vape forma um vapor. Ele também não tem tantos componentes nocivos quanto o cigarro, como o monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio e amônia. Mas atenção: isso não significa que ele não faça mal, pelo contrário. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o cigarro eletrônico seja tratado com o mesmo grau de cautela de outros produtos semelhantes, uma vez que também apresenta riscos à saúde. A seguir, discutiremos os principais malefícios associados ao uso do vape. Confira abaixo alguns dos malefícios do vape.

Composição dos líquidos

A nicotina é uma substância viciante encontrada em cigarros e vapes. Além de causar dependência, ela tem efeitos negativos sobre o sistema cardiovascular, como aumento da pressão arterial e aceleração do ritmo cardíaco. 

O propilenoglicol e a glicerina vegetal são os principais componentes dos líquidos de vape. Embora geralmente considerados seguros para consumo alimentar, a inalação prolongada pode causar irritação nas vias respiratórias e outros problemas respiratórios.

Além disso, muitos líquidos de vape contêm aromatizantes artificiais que, quando aquecidos e inalados, podem se transformar em compostos tóxicos, como acroleína e formaldeído, que são irritantes e potencialmente cancerígenos.

Doenças respiratórias

A inalação de vapor pode ter efeitos adversos significativos sobre o sistema respiratório, incluindo irritação nas vias respiratórias, resultando em tosse, falta de ar e desconforto. Em alguns casos, isso pode agravar condições pré-existentes, como asma e bronquite.

Além disso, existe uma condição conhecida como Evali, sigla em inglês para “Doença Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping” (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury). 

Identificada em 2019, essa condição tem sido associada à presença de aditivos e diluentes no líquido do vape, como o acetato de vitamina E, que podem desencadear uma inflamação nos pulmões. 

Os sintomas variam desde dificuldades respiratórias leves até quadros graves de pneumonia ou insuficiência respiratória, muitas vezes exigindo internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Câncer

Outro perigo frequentemente ignorado é o potencial cancerígeno dos cigarros eletrônicos. Mesmo sem nicotina, o vape pode liberar nanopartículas metálicas e substâncias químicas nocivas durante o aquecimento, incluindo formaldeído, acroleína, nitrosaminas, entre outras substâncias. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), quando o cigarro eletrônico é utilizado com uma tensão superior a 5 volts, os níveis de formaldeído produzidos podem ser superiores aos encontrados no cigarro comum, aumentando o risco de desenvolvimento de diversos tipos de cânceres.

Riscos de explosões

Embora alguns países possuam regulamentações para o uso desses dispositivos, no Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar, incluindo cigarros eletrônicos, são proibidas no Brasil de acordo com a Resolução Colegiada da Anvisa (RDC) nº 46, de 28 de agosto de 2009.

Apesar disso, muitos ainda conseguem acessar esses produtos, muitas vezes sem garantias de qualidade ou segurança. Um estudo realizado pelo INCA e pelo Ministério da Saúde mostraram que problemas com a bateria do cigarro já foram responsáveis por explosões que causaram danos físicos e materiais.

O vape ajuda a parar de fumar?

Muitas pessoas acreditam que o cigarro eletrônico pode ajudar a parar de fumar, mas estudos sugerem o contrário. Uma pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelou que o uso de cigarros eletrônicos pode triplicar as chances de alguém experimentar cigarros convencionais e quadruplicar o risco de se tornar um fumante habitual. 

Isso se deve, em parte, ao fato de que muitos dispositivos contêm nicotina, ainda que não declarem isso de forma clara. Além disso, em vez de funcionarem como ferramentas eficazes na cessação do tabagismo, os cigarros eletrônicos têm mostrado potencial para acelerar a dependência química devido à configuração da nicotina nesses dispositivos. 

Pesquisas demonstram consistentemente que jovens que utilizam cigarros eletrônicos têm quase três vezes mais chances de se tornarem fumantes de cigarro convencional na vida adulta.

Mesmo quando esses produtos se dizem sem nicotina, eles podem conter a subsistência. A FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA) já encontrou produtos que, apesar de se declararem “sem nicotina”, continham quantidades significativas dessa substância. 

Outro problema é a presença de líquidos contendo THC, o princípio ativo da maconha, o que levanta ainda mais preocupações sobre os efeitos dessas substâncias em longo prazo.

Influência no público jovem

Os cigarros eletrônicos, com seus sabores atrativos, embalagens chamativas e forte presença nas redes sociais através de influenciadores digitais, têm gerado preocupação entre especialistas em saúde, especialmente em relação ao impacto sobre os jovens. Estudos recentes mostram que essa preocupação é justificada.

Um inquérito conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) entrevistou, por telefone, quase 10 mil pessoas de diferentes regiões do Brasil. O estudo buscou compreender tanto o uso de cigarros convencionais quanto a experimentação e o consumo de cigarros eletrônicos. 

Os resultados revelaram uma tendência alarmante: entre jovens de 18 a 24 anos, quase 20% já haviam experimentado esses dispositivos, enquanto na faixa de 25 a 34 anos, cerca de 10% relataram o uso.

Esses dados são preocupantes porque a exposição precoce aos cigarros eletrônicos pode aumentar o risco de dependência de nicotina e prejudicar o desenvolvimento respiratório e cardiovascular dos jovens. 

O que fazer para se livrar do vício?

Agora que você já sabe que vape faz mal, se já é usuário e deseja tirar esse vício da sua vida, técnicas como terapia de reposição de nicotina, aconselhamento psicológico, e o uso de medicamentos específicos podem ser muito mais eficazes e seguros do que os cigarros eletrônicos. 

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