O vício pode ser desenvolvido quando nos desconectamos de algo indispensável: família, amigos, lazer, metas. Certas substâncias e comportamentos ativam hormônios que, em dias melhores, seríamos capazes de produzir naturalmente por meio de conexões pessoais. Por isso, quando falamos em drogas – e cigarro, remédios, games, comida e até celular –, hábitos que nos religam ao mundo são armas fundamentais no combate à dependência.
Até para os animais
Para ajudar a explicar essa ideia, no final dos anos 70 um pesquisador canadense propôs algo diferente. Ele partiu de um experimento anterior, que colocava ratos em uma pequena jaula com dois suprimentos, um de água pura e outro de água com morfina. Resultado: uma alta taxa de obsessão pela droga.
Bruce K. Alexander então criou o Rat Park, um complexo com comida, tubos, rodas, atividades e, principalmente, vários ratos — que interagiam entre si. A diferença foi clara: os ratos confinados em jaulas sem nenhum outro tipo de distração consumiam 19 vezes mais morfina do que os do Rat Park.
Hoje, ainda que nem sempre bem compreendida, essa experiência inspira novas ideias na desgastada guerra às drogas e no tratamento de dependentes. Se a falta de conexão não é o único motivo que leva ao vício, ao menos fica claro que tem grande peso nessa questão.
Os hormônios da felicidade
Mas por que é que certas substâncias têm tanto apelo com a gente e podem nos tornar viciados? Uma explicação pode estar no fato de que quando usamos drogas, os chamados “hormônios da felicidade” são liberados: serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina. Ainda bem que dá para ter acesso a esses hormônios sem precisar apelar ao vício.