A amamentação é um tema que ainda gera muitos debates. Existem dicas para todos os lados, recomendações de mães mais experientes, de familiares, amigos e vizinhos, vídeos na internet, produtos que prometem facilitar o processo e portais com informações que, muitas vezes, se contradizem.

No meio desse mar de “faça isso” e “faça aquilo”, costuma ter uma mãe já cansada, que precisa cuidar do bebê e fazer com que ele se mantenha saudável e feliz. Pensando em facilitar esse objetivo, nós criamos este guia de amamentação como parte da nossa campanha Guia das Mamas. Confira o vídeo:

São informações devidamente comprovadas, nada de dicas sem embasamento. Esperamos que possa ajudar. Confira!

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 Cuidado com dicas e métodos não comprovados

Se você está lendo este artigo, já começou bem. É importante buscar informações em locais confiáveis e seguros, uma vez que dicas e métodos não comprovados podem, inclusive, acabar fazendo mais mal do que bem para o bebê.

A falta de informações sobre o processo da amamentação é um dos maiores motivos para que ocorram problemas. O uso da chupeta, por exemplo, não é indicado, uma vez que o bebê pode acabar gastando energia com ela e, na hora de mamar, não conseguir sugar o leite. Mas não é todo mundo que sabe deste fato.

Outra crença popular que é um mito é o consumo da cerveja preta para aumentar a produção do leite. Há quem argumente que a presença dos aminoácidos da cerveja ajuda na produção da prolactina, o hormônio que estimula a produção e liberação do leite. No entanto, além dessa bebida ter um baixo teor de aminoácido, o consumo de álcool pode deixar o bebê sonolento, impactando diretamente na capacidade da sucção e desenvolvimento.

Sendo assim, por melhores que sejam as intenções das pessoas que dão dicas, é importante sempre conferir se elas são embasadas e se não fazem mal para a criança.

Conheça as posições e a pega correta da amamentação

O corpo da mulher é fisicamente criado para a amamentação, mas isso não significa que ela vai ocorrer de maneira mágica, instintiva e perfeita desde o primeiro momento. Quando o bebê acaba de nascer, ele não consegue se movimentar nem alguns milímetros, caso precise. Por isso, é válido compreender qual é a pega correta e as melhores posições para realizar a amamentação.

Após acertar a pega e estabelecer a rotina, o processo fica mais fácil. O bebê também vai crescendo e conseguindo se ajustar para sugar e acertar a intensidade da sucção. Além disso, a pega e a posição correta permitem o esvaziamento da mama, que é um sinal para o corpo de que ele deve produzir mais leite.

Quanto mais a mãe amamenta, mais leite ela produz. Agora, vamos às posições e dicas para que você saiba como amamentar corretamente.

A primeira amamentação

A pegada correta é fundamental desde o início, por isso, espere que a boca do bebê esteja aberta, para só então ajudá-lo a pegar. A aréola deve estar na boca do bebê e deve ser espremida para liberar o leite.

Caso não funcione, use o dedo para interromper o processo de sucção e iniciar novamente. A mamada dura entre 20 e 45 minutos e costuma ser indicada a cada 3 horas.

Vale ressaltar que mulheres que têm o bico do seio plano ou invertido conseguem realizar a amamentação na maioria das vezes, basta que o bebê abocanhe a aréola inteira e não somente o bico. Em alguns casos, no entanto, é preciso orientação profissional (obstetra, pediatra ou especialista em amamentação).

Tradicional

Posição Tradicional

Essa é a posição mais comum, em que a mãe está sentada ou recostada e o bebê recebe o apoio do braço, que fica do mesmo lado do peito usado para amamentar. É importante estar confortável, com a coluna reta, deixando a cabeça do bebê alinhada ao corpo dele.

O corpo do bebê deve estar na mesma altura da mama, com o umbigo encostado no corpo da mãe. Verifique se a cabeça da criança está mais próxima do punho ou do cotovelo, pois, o ideal é apoiar no máximo até a metade do antebraço (não perto do cotovelo).

Podem ser usadas almofadas de amamentação para alcançar a altura correta ou usar almofadas e travesseiros comuns para elevar o bebê. Evite arquear as costas ou inclinar para frente. É o bebê quem deve se aproximar do seu corpo, não o contrário.

Transversal

amamentação transversal

A posição transversal é uma variação desta, com a diferença que o braço esquerdo é usado para amamentar com o seio esquerdo e o esquerdo para amamentar com o seio direito. A cabeça do bebê é apoiada com a mão aberta e a outra mão é usada para apoiar seu peito por baixo, segurando o bebê em formato de “U”.

Invertida

como amamentar gêmeos

A posição invertida tem a vantagem de possibilitar mais conforto para a mãe descansar, além de ser a mais indicada para quem tem seios grandes ou realizará a amamentação de gêmeos, uma vez que possibilita amamentar os dois ao mesmo tempo.

Para realizá-la, coloque uma pilha de travesseiros ou mantas (duas, caso sejam gêmeos) para que o bebê alcance a altura dos seios. A barriga do bebê precisa estar virada para o tronco da mãe e o pescoço dele deve estar alinhado.

A cadeira de amamentação deve ter espaço para a criança, que vai além das costas da mãe. O sofá pode ser usado, para que a mãe tenha um encosto confortável. No caso de gêmeos, será preciso ter ajuda para um bom ajuste da posição. Um pode ser colocado na posição invertida e outro na tradicional. O importante é todos estarem apoiados e confortáveis.

Deitada

“Como amamentar deitada” é uma dúvida de muitas mulheres. Durante a madrugada, essa posição pode facilitar, para que a mãe não precise levantar e realizar a amamentação. No entanto, é importante ter cuidado para não cair no sono. Amamentar deitada não faz mal para o recém-nascido, mas dormir é arriscado.

Nesta posição, basta que a mãe se deite de lado, com o bebê de frente para ela e ajuste a cabeça do bebê para que ele faça a pega correta. É possível apoiar o corpo dele com o braço e elevar ligeiramente a cabecinha. A outra mão pode ajudar a levar os mamilos até os lábios do bebê.

Depois que ele começar a sucção, é possível a mãe usar um braço para apoiar a si mesma e o outro para apoiar o bebê.

Lactogestação e Tandem

A lactogestação ocorre quando a mãe amamenta durante a gestação. Apesar de algumas mulheres terem medo de que a amamentação pode fazer mal ao bebê que está na barriga, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ela é segura na maioria das vezes. Porém, é importante consultar o obstetra ou o pediatra antes.

A gravidez pode alterar o sabor do leite, deixando-o mais salgado e em menor quantidade. Algumas crianças estranham e podem parar de querer mamar, mas a maioria continua a mamar e mantém o hábito após o nascimento do bebê.

A sensibilidade nos seios também pode causar dor e desconforto para a mãe, que pode recorrer ao desmame conduzido do filho mais velho.

É preciso também priorizar o alimento para a criança menor, ele deve ser prioridade. No entanto, se o ganho de peso e o desenvolvimento da criança estiverem evoluindo bem, não há grandes problemas.

Amamentação em livre demanda x horário marcado

A amamentação em livre demanda é o ato de amamentar o bebê sempre que ele ou a mãe quiserem ou sentirem necessidade. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não significa que é preciso esperar o bebê chorar, pois o choro é o último sinal de fome, além de poder representar outras necessidades.

O bebê demonstra que está com fome com gestos como quando ele tenta sugar ou abocanhar algo, quando fica no colo procurando pelo peito ou está mais agitado, olhando para os lados. A mãe também pode sentir as mamas muito cheias e doloridas, principalmente após horas sem amamentar. O alívio é importante e evita o ingurgitamento mamário.

A regra de amamentar a cada 3 horas vem da amamentação de bebês que não amamentam no peito e mamam fórmulas. Nestes casos, é importante estipular o horário e, normalmente, é a cada 3 horas. Porém, quando se trata do leite materno, a Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria orientam a livre demanda.

Amamentação cruzada

Alguns anos atrás, era comum saber de casos em que uma mulher amamentava o filho da amiga ou familiar. Atualmente, já se sabe que a amamentação cruzada é contraindicada pelos órgãos de saúde por trazer muitos riscos ao bebê. O maior deles é a contaminação por doenças infectocontagiosas, como a Aids.

A hepatite B também é uma das doenças que podem ser transmitidas por meio do sangramento do mamilo, que contamina o leite materno. Isso porque o bebê pode não ter ainda as doses das vacinas suficientes para ter a imunidade.

Vale ressaltar que não existe leite fraco. O leite materno é produzido com muitos nutrientes e ainda auxilia na digestão do bebê, que acaba sentindo fome mais rapidamente.

Não consigo amamentar. E agora?

Os benefícios da amamentação são muito divulgados: desde a imunidade da criança, até as questões psicológicas, o vínculo entre mãe e filho, entre outros aspectos. No entanto, é um fato que nem todas as mães conseguem superar os obstáculos físicos (fissuras no seio, mastite etc.), sociais e emocionais. Surge então a culpa, a sensação de impotência e até insuficiência.

O primeiro passo é recorrer a ajuda e orientação médica qualificada. Evitar ouvir dicas e conselhos que podem acabar causando ainda mais estresse e frustração.

O hormônio do estresse, por sua vez, inibe a ação dos hormônios responsáveis pela descida do leite, complicando mais ainda o processo. Além disso, preocupações com o trabalho, com as atividades do dia a dia, falta de apoio no relacionamento, são algumas das situações que podem levar as mães a dificuldade de realizar a amamentação.

Existem ainda casos em que as mães não conseguem amamentar, mas eles devem ser acompanhados por profissionais, pois, na maioria das vezes, a solução é mais simples: pega correta, posição confortável, estímulo da produção de leite, entre outros fatores.

Caso você esteja passando por dificuldades para realizar a amamentação, procure a ajuda do médico obstetra, pediatra ou da unidade em que a criança nasceu. É possível realizar a alimentação da criança com leite humano tratado e pasteurizado do Banco de Leite Humano (BLH).

O leite de vaca não deve ser considerado uma opção, pois ele não consegue ser digerido pelo bebê e ainda conta com concentrações muito altas de proteínas e minerais, que fazem com que órgãos vitais, como fígado e rins, se sobrecarreguem.

As fórmulas costumam ser feitas a partir do leite de vaca modificado, que passa por diversas transformações para atender às necessidades alimentares dos bebês. Elas também podem ser complementadas com vitaminas para fortalecer a imunidade e as mães ganham acompanhamento para lidar com a produção do leite.

Porém, todo o processo deve ser sempre realizado com acompanhamento médico para garantir a saúde da mãe e do filho.

Dúvidas frequentes (F.A.Q da amamentação)

Além das questões já abordadas, existem algumas dúvidas muito comuns quando se trata da amamentação. Nós fizemos um compilado e vamos falar de alguns pontos importantes.

Qual a relação entre amamentação e menstruação?

Quando a criança amamenta, os hormônios do aleitamento tendem a bloquear a ovulação. Com isso, não ocorre a descida do sangue. Só quando há o espaçamento entre as mamadas é que os hormônios diminuem e a menstruação reaparece. Em mulheres que não amamentam, a menstruação pode voltar de 1 a 3 meses após o parto, mas o tempo varia de acordo com cada organismo.

Amamentação dói?

Logo após o parto, as mamas passam a se preparar para a produção e descida do leite, por isso, tendem a ficar levemente doloridas. No entanto, se a dor persistir, é importante buscar ajuda profissional, uma vez que a pega pode estar errada e causar machucados nos mamilos.

O leite pode “empedrar”?

Sim. O ingurgitamento mamário, mais conhecido como “leite empedrado”, ocorre quando a livre demanda não é possível ou a fome do bebê não é suficiente para o leite produzido. O bico do seio fica mais achatado, a mama fica vermelha e dura em algumas áreas e o bebê tem dificuldade de mamar. A mãe pode ter febre. Nesses casos, é importante recorrer a ajuda médica para que o quadro não evolua para uma mastite.

Amamentar emagrece?

Sim. A amamentação causa perda calórica intensa, mesmo quando a mulher está em repouso, pois o corpo está usando muita energia para produzir leite. Também é por isso que amamentar provoca muita fome. Mas fique atenta: a alimentação deve ser nutritiva e balanceada, pois esses nutrientes são repassados à criança.

É permitida a amamentação no trabalho?

Não é somente permitida, a amamentação no trabalho é lei. De acordo com o art. 396 da Consolidação das Leis do Trabalho, toda mãe deve ter dois períodos de 30 minutos cada para amamentar o filho até que ele complete seis meses de vida, podendo ser estendido quando a saúde da criança exigir. Como isso nem sempre é possível, a empresa pode permitir o encerramento do expediente uma hora mais cedo ou a entrada uma hora mais tarde.

Gostou do artigo? Confira também nosso super Guia das Mamas e saiba ainda mais sobre este tema!

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