Passar por uma pandemia transforma as pessoas. Muitas delas, por medo de adoecer, de perder a renda e até mesmo com o futuro de suas vidas, buscam refúgio em álcool e outras drogas, sintéticas, naturais, legalizadas ou ilegais.
No dia 20 de fevereiro, ocorre o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo e, após dois anos de pandemia, é importante analisarmos o uso das drogas durante este período, pois ele já está preocupando muitos especialistas. Continue a leitura e confira algumas informações importantes sobre o tema!
O que são consideradas drogas?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como droga toda e qualquer substância não produzida pelo organismo e que, ao ser ingerida, modifica uma ou mais de suas funções. Essas drogas alteram aspectos físicos, emocionais e relacionados ao pensamento e ao comportamento.
Elas podem ser lícitas (comercializadas de forma legal), como é o caso do álcool, remédios, cigarro, entre outras. Como também podem ser ilícitas (vendidas sem autorização legal), como a cocaína, o LSD, o crack e a maconha.
Mas e se eu “curtir” só no final de semana?
Apesar do uso do álcool e do cigarro serem tratados como hábitos comuns, por serem legalizados, não significa que eles não são prejudiciais. Mesmo quando o uso é esporádico, não existem quantidades seguras, uma vez que o usuário tende a passar por um processo antes de se tornar dependente.
Este processo é diferente para cada pessoa e mesmo aquele cigarro “só quando está estressado demais” ou “uma cervejinha para relaxar no final de semana”, podem, a longo prazo, prejudicar a saúde física, mental ou mesmo acarretar acidentes, brigas ou afetar relacionamentos sociais e o trabalho. Além disso, a genética influencia no desenvolvimento do vício, sendo que em alguns casos, o primeiro contato com a droga é o suficiente.
De acordo com o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, coordenador do Centro de Referência em Drogas (CRR/UFMG), pessoas com predisposição genética devem evitar o consumo precoce e diário, pois elas tem um risco de dependência significativo e importante.
Além disso, quem tem casos de dependência na família deve ficar atento à possibilidade de outros dependentes no mesmo núcleo familiar.
Quando a pessoa se torna dependente química?
Considerada como uma doença, a dependência química é estabelecida quando a pessoa depende da substância e perde o controle sobre o uso, querendo sempre consumir mais, ainda que isso prejudique sua saúde, finanças, família e outros aspectos.
Antigamente, acreditava-se que o dependente químico não parava por ser fraco, sem caráter ou porque não queria. Hoje, já se sabe que o corpo muda seu funcionamento com o uso das substâncias e, com isso, deixar o vício é muito difícil sem o auxílio necessário.
O que aconteceu na pandemia?
Acontecimentos catastróficos tendem a elevar o estresse e induzir ao uso abusivo de álcool e drogas. Aliado a isso, temos as restrições de circulação que restringem o contato social e impedem que as pessoas que precisam participar das reuniões de grupos de apoio tenham o amparo necessário.
Também existem fatores como perda de entes queridos, adoecimento, impossibilidade de velar entes queridos e mudanças no cotidiano. Todos esses aspectos podem causar a entrada das pessoas na dependência química, além de recaídas em pessoas que estavam em tratamento.
O resultado, apontado pelo Relatório Mundial sobre Drogas 2021, foram 275 milhões de pessoas que passaram a usar drogas no mundo inteiro em 2021. Além disso, 36 milhões sofreram de transtornos associados ao uso de drogas no mesmo ano.
O mesmo relatório também apontou que os mercados de drogas na dark web aumenta cada vez mais e alguns vendem pelo menos US$315 milhões anualmente.
No Brasil, um estudo realizado com 45.161 pessoas, de 18 anos ou mais, mostrou que 34% dos participantes fumantes aumentaram o consumo durante a pandemia. Também foi observado um aumento do consumo de álcool em 17% dos entrevistados.
Houve também um aumento no consumo de medicamentos controlados e outros tipos de droga. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, só no período de junho de 2020 a junho de 2021, foram apreendidas 673 toneladas de drogas, sendo a principal a maconha.
O que fazer ao perceber a dependência?
O primeiro passo ao perceber que é dependente é reconhecer o vício e as consequências negativas que ele pode trazer, buscando a mudança de hábitos. Também é preciso ter o acompanhamento médico, pois, em muitos casos, pode ser necessário o tratamento com medicamentos que ajudam a controlar a síndrome de abstinência e impedem os avanços de doenças psiquiátricas.
A identificação dos estímulos que impulsionam o uso recorrente também é recomendada, assim como a prática de exercícios físicos e o contato com amigos e familiares (mesmo que remotamente).
Com a utilização da telemedicina, é possível buscar alternativas mais flexíveis para evitar o deslocamento e, consequentemente, a possível exposição à covid-19. Além de já existirem grupos de apoio que fazem reuniões online.
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