No passado, as mães costumavam receber a orientação de amamentar a cada três horas após o parto. No entanto, com o avanço da ciência, essa recomendação evoluiu. Atualmente, a amamentação em livre demanda se tornou a prática mais recomendada, especialmente porque os bebês tendem a sentir muita fome nos primeiros meses de vida.
Embora ela seja altamente recomendada, compreendemos que surgem dúvidas sobre como realizá-la e que a situação familiar e outros fatores podem influenciar esse processo. Neste artigo, vamos esclarecer como funciona a amamentação em livre demanda, destacar os benefícios associados a essa prática e muito mais. Confira!
O que é amamentação em livre demanda?
A amamentação em livre demanda é um método de alimentação do bebê que respeita seu instinto natural de fome, permitindo que ele se alimente sempre que sentir necessidade, independente do horário, dia ou noite. Essa abordagem é fortemente respaldada por organizações de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Isso não significa dar o peito toda vez que o bebê chora, pois o choro é o último sinal de fome. Interpretar os sinais de fome requer proximidade com o bebê. Agitação, olhar ao redor, tentar sugar ou abocanhar, sucção de mãos, movimentar a cabeça, procurar algo quando no colo (como um “pica-pau”) são sinais a observar. O contato pele a pele é uma maneira valiosa de entender o que seu bebê precisa.
A lógica por trás da amamentação em livre demanda é simples e essencial para o bem-estar do bebê. Nos primeiros meses de vida, o estômago do bebê é pequeno, exigindo alimentações frequentes para seu crescimento adequado. À medida que ele cresce, a quantidade de leite que ele precisa aumenta, e a amamentação em livre demanda se ajusta a essa necessidade crescente.
Além de ser uma forma de nutrição, a amamentação em livre demanda também atende às necessidades emocionais do bebê. Em momentos de insegurança ou durante fases de mudanças no desenvolvimento, como quando aprendem a rolar, sentar, andar ou falar, o bebê pode buscar o seio da mãe não apenas para saciar a fome, mas também para encontrar conforto e segurança.
Ou seja, a amamentação em livre demanda é uma maneira de respeitar o ritmo natural do bebê, proporcionando-lhe a nutrição e o carinho necessários para um desenvolvimento saudável e uma conexão emocional sólida. Afinal, amamentar vai muito além da nutrição – que também é muito importante.
Quais os benefícios do aleitamento materno em livre demanda?
O aleitamento materno em livre demanda oferece uma série de benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe. Veja abaixo os principais.
Benefícios para o bebê
- O leite materno fornece todos os nutrientes que a criança precisa para um crescimento saudável, incluindo proteínas, gorduras, vitaminas e anticorpos. Com a livre demanda, o bebê estará bem nutrido.
- Além da nutrição, o aleitamento materno em livre demanda também ajuda a fortalecer o sistema imunológico do bebê, protegendo-o de infecções e doenças.
- A amamentação em livre demanda permite que o bebê mame sempre que tiver fome e permite que ele aprenda sobre a própria regulação da fome, o que pode até mesmo prevenir distúrbios alimentares no futuro.
- Durante o processo de amamentação em livre demanda, há também um momento de conexão íntima entre mãe e bebê, promovendo um vínculo emocional profundo e reconfortante.
- A sucção durante a amamentação contribui para o desenvolvimento adequado da mandíbula e dos músculos faciais, o que pode impactar positivamente na fala e na mastigação no futuro.
Benefícios para a mãe
- Com a amamentação em livre demanda, é possível manter a produção de leite, adaptando-se às necessidades do bebê e evitando problemas de baixa produção.
- Esse método também contribui para a recuperação após o parto, pois auxilia na contração do útero, minimizando o risco de hemorragias.
- A queima de calorias ao amamentar pode ser uma ajuda para a mãe voltar ao peso anterior à gravidez.
- A amamentação frequente ajuda a prevenir problemas como mastite e ingurgitamento mamário.
- A liberação de hormônios durante a amamentação também pode ser um aliado ao bem-estar emocional da mãe, aliviando o estresse e promovendo sentimentos de afeto e conexão.
Dúvidas frequentes sobre a amamentação em livre demanda
Apesar de ser um método com muitos benefícios, amamentar em livre demanda pode gerar algumas dúvidas, o que é muito natural. Por isso, trouxemos algumas para ajudar as mães a enfrentarem essa jornada.
Tem um tempo certo para cada mamada?
Não há um tempo fixo para cada mamada. O bebê deve mamar pelo tempo que quiser em cada seio. Alguns bebês podem se alimentar em apenas alguns minutos, enquanto outros podem levar mais tempo. Importante lembrar que a frequência e duração das mamadas podem variar ao longo do dia e durante diferentes fases de crescimento do bebê.
Eu devo oferecer um ou os dois seios em cada mamada?
Durante a amamentação, é importante seguir as indicações do bebê e permitir que ele guie o processo. Você deve começar cada mamada pelo seio em que o bebê mamou por último na mamada anterior, o que garante que ele esvazie bem as duas mamas, contribuindo para uma produção de leite mais eficaz.
Observe os sinais do bebê durante a mamada. Ele geralmente começa a mamar com mais vigor no início, quando está mais faminto e procurando saciar a sede. Conforme a mamada avança, o leite do final da mamada, mais rico em gordura, ajuda a saciar a fome e a contribuir para o ganho de peso do bebê.
O que fazer se o bebê não demonstrar sinais de fome durante horas?
Essa situação pode gerar dúvidas, mas a resposta não é única. Depende do contexto e do bebê. Se estamos falando de um bebê prematuro ou que enfrenta condições especiais, é importante ter cuidado.
Porém, se o bebê estiver mamando bem, a mãe não sentir desconforto e ele estiver ganhando peso de maneira satisfatória, essa pausa é normal e pode ocorrer, especialmente durante a noite ou após um salto de crescimento.
É essencial avaliar o cenário completo. Se a mãe estiver com dificuldades na amamentação, o bebê estiver irritado ao longo do dia, excessivamente sonolento ou com baixo ganho de peso, isso pode ser um alerta e exigir uma avaliação mais detalhada.
Lembre-se de que bebês às vezes dormem após uma tentativa de mamar prolongada, mas verificar o número de fraldas cheias é um indicador simples para avaliar a ingestão de leite.
E se ele quiser mamar toda hora?
A necessidade de mamar frequentemente é normal, especialmente em bebês recém-nascidos, principalmente nas primeiras semanas. Isso se deve ao tamanho pequeno do estômago do bebê e à necessidade de se alimentar mais frequentemente para garantir um crescimento saudável. Além disso, a amamentação vai além da nutrição; proporciona também conforto e proximidade com a mãe. Essa fase de amamentação frequente é transitória e se ajusta conforme o bebê cresce e se adapta.
Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia, o que é um comportamento perfeitamente normal. Não é um sinal de fome excessiva do bebê nem indica que o leite seja fraco ou em quantidade insuficiente. É uma parte natural do processo de amamentação que atende às necessidades do bebê em seu crescimento e desenvolvimento.
O apoio é essencial para a continuidade do aleitamento materno em livre demanda
O apoio é fundamental para a continuidade do aleitamento materno em livre demanda. Decidir por essa abordagem não é tarefa fácil, já que as mães enfrentam um processo intenso, tanto a nível emocional quanto físico. Além da fadiga, das noites mal dormidas e dos conselhos que parecem surgir de todos os lados, elas também precisam estar sempre à disposição para o bebê.
Por isso, a presença de uma rede de apoio é mais do que fundamental. Atitudes como a ordenha e o armazenamento do leite na geladeira ou no freezer tornam-no disponível, permitindo que outras pessoas alimentem o bebê enquanto a mãe descansa. A dica aqui é utilizar a técnica do copinho ou a colher, para evitar os bicos artificiais que podem promover o desmame precoce.
Além disso, enquanto a mãe está amamentando, alguém pode simplesmente deixar uma garrafinha de água ou um lanche ao seu lado. Após a mamada, é possível que outra pessoa pegue o bebê para ajudar a arrotar, levá-lo ao berço ou simplesmente acolhê-lo até que adormeça.
São esses gestos aparentemente pequenos que realmente fazem toda a diferença, tornando a jornada da amamentação em livre demanda mais suave e bem-sucedida, e mostrando à mãe que ela não está sozinha nesse processo.
Esse é o tema da nossa campanha “mais apoio, menos julgamento”, veja: