As hepatites virais são infecções no fígado que, em estágios avançados, impactam gravemente o funcionamento do 2º maior órgão do corpo humano, resultando em complicações como insuficiência hepática, fibrose avançada e cirrose. Alguns desses impactos podem ser irreparáveis, levando à necessidade de transplante ou ao desenvolvimento de câncer hepático.
Todos os anos, as hepatites fazem mais de 1,4 milhão de vítimas fatais no mundo, e seu caráter silencioso – em muitos casos, as pessoas passam décadas sem descobrir a infecção – não costuma perdoar quem se atenta somente aos sintomas mais clássicos.
Cansaço
Febre
Mal-estar
Tontura
Enjoo
Vômito
Dor abdominal
Constipação
Pele e olhos amarelados
Dores musculares
Urina escura
Diarreia
(vírus HCV)
Campeã de casos no Brasil, se manifesta de forma crônica, na esmagadora maioria das vezes, e é considerada uma epidemia global: sua taxa de mortalidade pode ser comparada, por exemplo, às do HIV e da tuberculose.
A maior parte dos infectados desconhece seu diagnóstico: em 2016, estimava-se que cerca de 657 mil pessoas possuíam a doença no Brasil. Mas, entre os anos de 1999 e 2018, foram notificados apenas pouco mais de 359 mil casos.
PRINCIPAIS FORMAS DE TRANSMISSÃO
Contato com sangue contaminado em agulhas, seringas e objetos usados no uso compartilhado de drogas.
Reutilização ou má esterilização de equipamentos médicos, de manicure, higiene ou tatuagem.
Procedimentos invasivos (hemodiálise, cirurgia, transfusão etc.) sem os devidos cuidados de biossegurança.
Sexo desprotegido e transmissão de mãe para filho durante gestação ou parto (menos comuns).
INCIDÊNCIA
Pessoas acima de 40 anos, indivíduos privados de liberdade, pacientes submetidos a hemodiálise e usuários de drogas são os mais atingidos pela doença. É mais frequentemente encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Desde 2011, o Ministério da Saúde distribui testes rápidos, que devem ser feitos periodicamente pelas populações mais vulneráveis.
Medicamentos antivirais permitem a cura. Geralmente, são administrados por 8 a 12 semanas e apresentam taxas de sucesso de mais de 95%.
(vírus HBV)
Atrás apenas do tipo C no número de casos nacionais, a hepatite B é também classificada como uma infecção sexualmente transmissível.
Normalmente, se resolve espontaneamente em até seis meses, mas, assim como a hepatite C, pode se manifestar de forma crônica.
PRINCIPAIS FORMAS DE TRANSMISSÃO
Sexo desprotegido e transmissão de mãe para filho durante gestação ou parto.
Contato com sangue contaminado em agulhas, seringas e objetos usados no uso compartilhado de drogas.
Reutilização ou má esterilização de equipamentos médicos, de manicure, higiene ou tatuagem.
INCIDÊNCIA
Profissionais do sexo, pessoas privadas de liberdade, moradores de rua e usuários de drogas são as vítimas mais recorrentes, enquanto as crianças são quem têm a maior chance de desenvolver a forma crônica da doença – quanto mais novas, maior o risco.
É mais comum na região amazônica e em alguns pontos da região Sul.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
- A hepatite B tem vacina, universal e grátis.
- Assim como para o tipo C, o Ministério da Saúde também distribui testes rápidos desde 2011. Pela grande incidência em crianças, é importante realizá-los em gestantes.
- Apesar de não ter cura, os antivirais retardam a progressão da cirrose, reduzem a incidência de câncer e melhoram a sobrevida do paciente.
(vírus HAV)
Abrindo o 3º lugar no ranking nacional de casos, está a hepatite A, também conhecida como “hepatite infecciosa”. Evolui habitualmente como uma doença de caráter benigno.
PRINCIPAIS FORMAS DE TRANSMISSÃO
Fecal-oral (fezes e boca): água ou alimentos impróprios para consumo.
Baixos níveis de saneamento básico e higiene pessoal.
Contatos pessoais próximos com indivíduos infectados (da mesma casa, moradores de rua, crianças em creches etc.).
Casos e surtos entre populações praticantes de sexo anal, propiciando o contato fecal-oral-oral (sexo oral-anal).
INCIDÊNCIA
Em países cujas condições sanitárias são variáveis, como o Brasil, há uma redução no número de pessoas que têm contato com o vírus na infância e, consequentemente, um aumento no número de pessoas que se infectam mais tarde.
Concentram-se, em sua maioria, nas regiões Norte e Nordeste.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
- A hepatite A não possui tratamento específico e sua principal forma de prevenção é a vacina.
- O diagnóstico se faz por meio de exame de sangue.
HEPATITE D (Delta) e E
Com recorrência mais discreta, a hepatite D (ou Delta) é mais comum na região Norte. Suas formas de transmissão são idênticas às da hepatite B, assim como a prevenção – a vacina do tipo B imuniza também contra o tipo D.
Existe ainda o tipo E, encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. Com formas transmissão muito semelhantes às do vírus A, o E é mais comumente transmitido pela via fecal-oral e pelo consumo de água contaminada.
HEPATITE
Medicamentosa e a COVID-19
Outra condição existente é a ocorrência de hepatites não vinculadas a infecções, mas sim ao uso de medicamentos. Recentemente, a Unicamp confirmou o primeiro caso de hepatite medicamentosa relacionada ao “kit COVID”. Em indivíduos suscetíveis, o uso de alguns remédios pode se tornar tóxico e nocivo ao fígado.
Quando o assunto é COVID-19, a utilização de kits, formas alternativas de tratamento e a automedicação visando a prevenção da doença preocupam as comunidades médica e científica. Primeiro, por não apresentarem evidência de eficácia comprovada no combate à doença, e segundo, por terem se mostrado nocivas em outros aspectos, como no caso do desenvolvimento de hepatites medicamentosas, como citado.
Fique atento às formas de transmissão, aos exames de rotina e consulte seu médico em caso de suspeita.
Proteja seu fígado. Você só tem esse.
JULHO AMARELO
Mês de Combate às Hepatites Virais
Responsável Técnico
Dr. Sérgio Hércules – CRM 61.605