Nem fala
A palavra é forte. Choca. Por isso, às vezes dizemos “tirar a própria vida”; “desistir de tudo”; “cometer uma loucura”, e o assunto vira um tabu.
De acordo com números da Organização Mundial de Saúde, todo ano, mais de 700 mil pessoas cometem suicídio ao redor do planeta. Isso significa 1 de cada 100 mil mortes registradas em 2019, e o número de tentativas de suicídio podem ter sido 20 vezes maior, mas muitas pessoas ainda evitam falar do assunto.
O grande problema é que esse estigma prejudica a detecção precoce de possíveis suicidas e, principalmente, a prevenção. Neste Setembro Amarelo, nossa proposta é tratar abertamente do assunto para evitar o pior.
O que leva
a pessoa
A FAZER UMA
COISA DESSAS?
O suicídio é um fenômeno complexo causado por fatores múltiplos (psicológicos, biológicos, socioambientais e até genéticos) que não faz distinção de classe social, idade, orientação sexual ou gênero – muito embora a população transexual ou com disforia de gênero apresente altos índices de casos.
O fator que parece ser comum a todos os casos são os transtornos mentais, a principal causa. Em seguida, estão transtorno bipolar e abuso de álcool e outras drogas. Ou seja, o primeiro nível de prevenção ao suicídio diz respeito aos cuidados com a saúde mental – e esse deve ser um esforço de toda a sociedade.
Não dava pra saber
Apesar de não ser possível prever quando ou como uma pessoa irá cometer suicídio, existe uma série de comportamentos que podem indicar a possibilidade, e é importante que os núcleos familiares e de amigos estejam sempre atentos:
- Tristeza profunda;
- Distúrbios do sono;
- Pensamentos negativos;
- Desinteresse e apatia;
- Baixa autoestima;
- Desleixo com a aparência;
- Dores físicas;
- Rejeição;
- Irritabilidade;
- Choro frequente;
- Falta de vontade de fazer atividades simples;
- Mudanças comportamentais bruscas;
- Rejeição a determinados assuntos;
- Diminuição do rendimento escolar;
- Uso abusivo de drogas/álcool;
- Isolamento da família e do contato social de forma repentina;
- Comentários como “eu prefiro morrer do que passar por isso”; “eu só queria dormir para sempre.
SERÁ QUE NÃO É SÓ PRA
CHAMAR ATENÇÃO?
Para cada suicídio, 25 pessoas fazem uma tentativa, e tantas outras pensam seriamente a respeito. Isso corresponde a mais de 100 milhões de pessoas no mundo que sofrem com esses comportamentos – na maioria das vezes, de forma solitária.
É importante reforçar que a pessoa que cogita o suicídio não quer, necessariamente, acabar com a própria vida. Ela deseja pôr fim ao seu sofrimento. A maioria das pessoas que tenta o suicídio fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte, e boa parte das que tiram a própria vida expressou o desejo de se matar pouco tempo antes.
Então, se alguém que você conhece falar a respeito ou demonstrar os sinais que trouxemos acima, tenha atenção:
- Mantenha contato constante com a pessoa
- Indique o Centro de Valorização da Vida (CVV): disque 188
- Tente limitar acesso a meios (como armas de fogo, por exemplo)
- Se achar necessário, acione o Corpo de Bombeiros: telefone 193
EXISTE VIDA
SEM SOFRIMENTO
Ao contrário do que muita gente pensa, falar de suicídio não aumenta a probabilidade de ele acontecer.
Pelo contrário: tratar abertamente do assunto demonstra acolhimento com quem enfrenta ideações suicidas e pode aliviar a angústia.
O que dizer
- As coisas mudam, você não irá se sentir assim para sempre
- Eu respeito seu sofrimento
- Não tenha vergonha de buscar ajuda
- Conte comigo
- Você é importante para mim
- É possível viver sem essa dor
E mais
- Busque ajuda especializada
- Compartilhe histórias de superação
- Indique músicas, livros ou filmes que aumentem a esperança
- Evite julgar
- Acima de tudo, escute
VOCÊ TEM A VIDA PELA FRENTE
Embora o suicídio esteja entre as três principais causas de morte de pessoas com idades entre 15 e 29 anos no mundo, não podemos ignorar a alta dos casos entre jovens de 10 a 19 anos, que cresceram 45% de 2016 para 2021.
Outro dado alarmante é que 17% dos adolescentes vítimas de bullying consideram tirar a própria vida para se livrar das agressões.
Isso significa que o cuidado com a saúde mental dos jovens deve ser redobrado por parte de pais, educadores, profissionais da saúde e sociedade.
FALAR AGORA PARA EVITAR SENTIR DEPOIS
Se você, ou alguém que conhece, está demonstrando sinais de depressão ou de ideações suicidas, há instituições sérias e especializadas que podem ajudar:
CONTEÚDO EXTRA
CONVERSA COM A PSICÓLOGA
A D’Or Consultoria promoveu uma conversa online apresentada por Analice dos Santos.