Em 1981, quando a aids foi reconhecida como doença, adquirir o vírus era uma sentença de morte. Por um tempo, a pandemia de HIV/aids chegou a ser conhecida como “GRID” (Gay Related Disease) ou “Doença Relacionada a Gays”, em português. Acreditava-se que somente pessoas homossexuais carregavam o vírus e muitas faleceram sem ter tido acesso a qualquer tipo de tratamento. O quanto evoluímos em questões como diagnósticos, tratamentos e medidas preventivas? Descubra agora mesmo!

Estigmatização em queda

Por muitos anos, ainda se acreditava que pessoas da sigla LGBTQIAP+ eram as maiores transmissoras do vírus. Embora o preconceito ajude a solidificar esse pensamento, o índice de pessoas homossexuais com o vírus era alto justamente pela vulnerabilidade social em que elas se encontram, principalmente pessoas trans.

Muitas dessas pessoas não têm apoio familiar e, de acordo com o levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% dessa população tem a prostituição como fonte de renda e possibilidade de subsistência. No entanto, com as campanhas de prevenção ao HIV e o compartilhamento dessas informações, já vemos uma reviravolta.

Pesquisas já mostram que homens heterossexuais representam 49% dos casos de HIV, enquanto homossexuais somam 38% e bissexuais 9,1%. Se por um lado surgiram políticas públicas e campanhas voltadas para pessoas LGBTQIAP+, por outro, pessoas heterossexuais, principalmente homens, passaram a se preocupar menos com o contágio.

Inclusive, não é incomum que mulheres heterossexuais, fiéis aos maridos, sejam diagnosticadas com HIV. Houve até um caso recente de uma postagem de uma médica infectologista que viralizou no Twitter desabafando sobre estar cansada de atender mulheres casadas que contraíram o vírus de seus maridos.

A lição que fica, é que o HIV não escolhe perfis de pessoas para atacar e que todos deveriam se proteger.

Medidas preventivas eficazes

Para combater a pandemia de HIV/aids, o Brasil usa estratégias de prevenção, que combinam alternativas cientificamente eficazes, juntamente com o incentivo do uso do preservativo, que antes era a única opção disponível. Entre elas, podemos destacar a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP).

  • Profilaxia Pré-exposição (PrEP): se trata da utilização de medicamento antirretroviral por pessoas que não estão infectadas, com o objetivo de impedir que o HIV se estabeleça no organismo. É indicado para pessoas que estão em elevado risco de infecção. De acordo com a UNAIDS, há 90% de redução da transmissão.
  • Profilaxia Pós-exposição (PEP): consiste na utilização do antirretroviral após qualquer situação de risco de contato com o vírus HIV. Para que funcione, a profilaxia precisa ser iniciada o mais rápido possível, preferencialmente nas duas primeiras horas da exposição, com limite de 72 horas. Ele precisa ser seguido por 28 dias.

Apesar de serem um excelente avanço, é importante ressaltar que as profilaxias não evitam outras IST’s e que a camisinha segue sendo a melhor alternativa.

Testes rápidos e acessíveis

Antigamente, para obter o diagnóstico de HIV, era preciso realizar testes em laboratórios e o resultado não era retirado rapidamente. O próprio ato de procurar um médico e relatar a suspeita da infecção fazia com que as pessoas não fizessem os testes.

Atualmente, existem alternativas como os testes rápidos imunocromatográficos, que podem ser feitos por qualquer pessoa capacitada, presencialmente ou à distância. Mas, vale ressaltar, que o Ministério da Saúde diz:

“Apesar de qualquer pessoa capacitada poder executar os TR, a emissão do laudo e a supervisão da equipe são de responsabilidade dos profissionais de saúde de nível superior habilitados pelos seus respectivos conselhos regionais de classe profissional.”

Existem também os autotestes, que podem ser adquiridos em qualquer farmácia e que contam com manual explicativo e acompanham os contatos do Disque Saúde (136) e um número da própria empresa fabricante, que também presta informações ao usuário gratuitamente.

É inegável que os testes rápidos e os autotestes facilitam o processo e são um grande aliado no combate à pandemia de HIV/aids.

Porém, ressaltamos a importância de se consultar regularmente com um profissional para a realização de exames preventivos, além do benefício de poder contar com profissionais especializados, experientes e sensíveis para ajudar no momento do diagnóstico, seja qual for o resultado.

Tratamentos que proporcionam melhor qualidade de vida

O HIV e a aids ainda não tem cura, mas existem tratamentos com medicamentos antirretrovirais (ARV). Eles podem reduzir a carga viral no corpo, evitando que o HIV evolua para aids, além de melhorar a qualidade de vida, aumentando a disposição e o apetite, além de ampliar a expectativa de vida.

Quando controlado, é possível realizar a redução do vírus circulante, fazendo com que ele fique com a carga viral indetectável e tornando a pessoa intransmissível. Hoje, já é completamente possível a pessoa contaminada se relacionar, trabalhar e viver normalmente.

Não é hora de relaxar

Apesar dos avanços, a pandemia de HIV/aids ainda é uma preocupação. Em 2020, cerca de 37,7 milhões de pessoas no mundo inteiro estavam vivendo com HIV e 680 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à aids no mesmo ano. Estima-se que cerca de 84% das pessoas vivendo com HIV conheciam seu estado sorológico. Confira essas e outras estatísticas da UNAIDS.

Podemos comemorar os avanços, mas não podemos deixar que eles nos façam abaixar a guarda. Por isso, a prevenção nunca sai de moda, como mostra nossa campanha:

Confira a campanha completa!