A Hanseníase é uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4.000 anos. Antigamente, ela era conhecida como lepra, um termo hoje que não deve mais ser utilizado, por conta do preconceito que carrega.  Na Idade Média, pessoas com hanseníase eram obrigadas a viver isoladas e as nações europeias exigiam que eles usassem roupas características e sinos, para avisar que estavam chegando nas cidades.

Desde então, muita coisa mudou e, embora o preconceito ainda exista, normalmente ele é causado pela desinformação, já que a hanseníase já tem tratamento e cura. Neste artigo, você confere o que é a hanseníase, quais são suas causas, os tipos, sintomas e tratamentos. Confira!

O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença crônica e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela costuma atingir locais como face, pescoço, braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos), mas também pode afetar os olhos e órgãos internos.

Apesar dos sintomas principais serem na pele (vamos falar deles mais pra frente), ela não é transmitida pelo contato com as feridas, nem por objetos contaminados, mas sim pelo contato com as secreções como saliva, muco e lágrimas de um paciente contaminado que não esteja em tratamento.

Vale lembrar, que o contato para a contaminação deve ser prolongado e a outra pessoa precisa ser suscetível, uma vez que a maioria da população não desenvolverá o problema, por ter uma defesa natural contra o agente infeccioso. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 90% da população tem defesa contra a doença.

A genética é um fator importante, fazendo com que familiares de pessoas com hanseníase tenham mais chances de adoecer. O grande problema da hanseníase é que ela é silenciosa e os sintomas podem levar de três a sete anos para surgir. Quanto antes ela é detectada, melhor será a resposta do tratamento.

Quais são os tipos de hanseníase?

Existem diversas formas clínicas de hanseníase, sendo que eles estão relacionados à maneira como o organismo reage ao bacilo que causa o adoecimento. De forma geral, são divididas em dois tipos: Paucibacilar (casos que apresentam até cinco lesões de pele) e Multibacilar (quando há mais de cinco lesões). Confira agora as características das formas clínicas das doenças.

Hanseníase indeterminada (Paucibacilar)

É o estágio inicial da doença e conta com até cinco manchas de contornos mal definidos. Estes casos não têm comprometimento neural.

Hanseníase tuberculoide (Paucibacilar)

Provoca manchas ou placas de até cinco lesões que são bem definidas e comprometem um nervo. Estes casos podem apresentar neurite (inflamação do nervo).

Hanseníase borderline (Multibacilar)

Também conhecida como dimorfa, ela apresenta manchas e placas acima de cinco lesões, com bordas às vezes bem ou pouco definidas. Apresenta o comprometimento de dois ou mais nervos e os episódios reacionais* ocorrem com mais frequência.

*Episódios reacionais são fenômenos imunológicos que ocorrem de modo súbito e que podem levar a perda funcional de nervos periféricos e agravantes das incapacidades. 

Hanseníase virchowiana (Multibacilar)

Essa é a forma mais comum da doença. Nela, existe uma dificuldade em identificar qual é a pele normal e qual está danificada. Além disso, ela pode comprometer áreas como rins, nariz e órgãos reprodutivos. Pode ocorrer neurite e eritema doloso (nódulos dolorosos) na pele.

Quais são os sintomas?

Como a Mycobacterium leprae afeta os nervos periféricos, os sintomas estão relacionados ao que ocorre com esse nervo. Os principais sintomas de hanseníase são:

  • Manchas (podem ser de cor parda, esbranquiçada ou eritematosas). Elas costumam estar associadas à perda de sensibilidade;
  • Alteração de temperatura no local das manchas;
  • Placas, caroços e ressecamento da pele;
  • Queda de pelos;
  • Formigamento nas mãos, pés, braços e pernas;
  • Inchaço nas mãos e nos pés;
  • Ressecamento dos olhos;
  • Diminuição da força muscular.

Como é realizado o tratamento?

Primeiro, o diagnóstico é realizado por meio de anamnese, exame geral e dermatológico, para identificar as lesões e o comprometimento dos nervos periféricos. Após esse processo, é possível iniciar o tratamento, que pode levar a cura. No entanto, quando o tratamento não é realizado, a hanseníase pode deixar sequelas para o resto da vida.

A base do tratamento são medicamentos antibióticos para matar o bacilo que causa a doença. Após quatro dias o início do tratamento, a pessoa já não é mais capaz de transmitir a hanseníase.

Mas, vale lembrar que o uso dos medicamentos precisa durar o quanto for necessário (pode ser até mais de um mês), pois quando é interrompido, a bactéria pode se tornar resistente aos antibióticos disponíveis no mercado.

É possível se prevenir?

Como já falamos anteriormente, a doença só é transmitida por uma pessoa doente que não faz o tratamento para outra pessoa exposta em período prolongado e que seja suscetível. Sendo assim, é muito importante que se procure o médico assim que os sintomas surgirem. O tratamento é iniciado e os familiares, parentes próximos e amigos ficam protegidos.

Não há uma vacina para a hanseníase, mas a vacina BCG (contra tuberculose) ajuda na prevenção, já que os agentes causadores da doença são bem similares. Sendo assim, a vacinação de pessoas com contato próximo de alguém que contraiu hanseníase pode ser mais uma aliada na prevenção – caso essas pessoas não tenham recebido as duas doses anteriormente.

Viu como ter acesso às informações é importante? Agora você já sabe que pessoas com hanseníase em tratamento há mais de quatro dias não transmitem a doença, e que ela tem tratamento e cura.

Estamos no Janeiro Roxo, uma campanha de prevenção e combate à hanseníase e muitas pessoas ainda não conhecem essas informações. Compartilhe este conteúdo e nos ajude nessa missão!