A dor ao amamentar é normal no início do processo, principalmente porque o corpo está em uma fase de adaptação e as mamas estão mais sensíveis. No entanto, a persistência dessas dores pode indicar que algo não está correndo como deveria.

Alguns problemas mamários, como fissuras, ingurgitamentos mamários e mastite, são comuns e podem levar ao desmame precoce, principalmente por causa da dor que causam. A boa notícia é que existem formas de prevenir e aliviar essas dores durante a amamentação. Confira abaixo o artigo e compreenda melhor as possíveis causas e como elas podem ser solucionadas ou contornadas!

Pega incorreta

A pega incorreta é uma das principais causas de dor ao amamentar. Quando o bebê não realiza a pega correta no seio, pode ocorrer o atrito inadequado entre a boca do bebê e o mamilo da mãe. Isso pode levar a lesões nos mamilos, como fissuras e rachaduras, causando dor e desconforto durante a amamentação.

Como fazer a pega correta?

  • Posicionamento adequado – posicione o bebê de forma que ele fique alinhado com o seu corpo, com a barriga dele encostando na sua barriga. Mantenha a cabeça e o corpo do bebê alinhados em linha reta.
  • Boca bem aberta – certifique-se de que a boca do bebê esteja bem aberta antes de colocar o seio na boca dele, facilitando a sucção eficiente e minimizando o atrito no mamilo.
  • Abaixar o queixo – incline ligeiramente a cabeça do bebê para trás, de modo que o queixo dele toque primeiro o peito.
  • Parte da aréola na boca – certifique-se de que o bebê abocanhe não apenas o mamilo, mas também uma parte da aréola. A aréola é a região escura ao redor do mamilo e é fundamental para uma amamentação eficaz.
  • Lábios voltados para fora – verifique se os lábios do bebê estão voltados para fora, formando um “bico de pato” ao redor do seio. Isso ajuda a evitar lesões nos mamilos.
  • Sucção ritmada – analise o ritmo da sucção do bebê. Ele deve fazer sucções curtas e rápidas, seguidas de pausas.
  • Sempre observe – Fique atenta aos sinais de que o bebê está mamando de forma adequada, como engolir o leite regularmente e demonstrar saciedade após a mamada.

Ductos obstruídos

Ductos obstruídos são outro problema que pode causar desconforto e dor ao amamentar. Essa condição ocorre quando um ou mais ductos de leite nos seios ficam bloqueados, impedindo que o leite flua adequadamente.

Os sintomas mais comuns de ductos obstruídos incluem dor localizada em um dos seios, uma área endurecida ou inchada e uma sensação de calor na região afetada. Além disso, é possível que a pele ao redor do ducto bloqueado fique avermelhada.

As causas mais frequentes para ductos obstruídos incluem uma pega incorreta do bebê durante a amamentação, não esvaziar completamente os seios durante a mamada ou uso excessivo de sutiãs apertados que podem comprimir os ductos de leite. Além disso, algumas mulheres podem produzir um leite mais espesso, que pode causar obstrução do ducto de repetição.

É importante buscar ajuda e iniciar as medidas para desobstrução o quanto antes, uma vez que o quadro pode evoluir para a mastite.

Como evitar e desobstruir os ductos mamários?

  • Pega correta – assegure-se de que o bebê esteja realizando uma pega correta durante a amamentação, pois ela ajuda a esvaziar os ductos de leite de forma eficiente, evitando obstruções.
  • Amamentação frequente – amamente com frequência e em ambos os seios, certificando-se de esvaziar completamente os seios durante as mamadas, pois a estagnação do leite pode levar à obstrução dos ductos.
  • Posições de amamentação – experimente diferentes posições de amamentação para garantir que todos os ductos dos seios sejam utilizados e o leite seja drenado adequadamente.
  • Massagens – faça massagens suaves no seio afetado, direcionando o leite em direção ao mamilo durante a amamentação. Isso pode ajudar a desobstruir os ductos e facilitar o fluxo de leite.
  • Compressas quentes – utilize compressas mornas no seio afetado antes das mamadas. O calor ajuda a relaxar os ductos e a promover o fluxo de leite.
  • Descanso e hidratação – o descanso adequado e a hidratação são importantes para a produção e o fluxo de leite.
  • Ordenha – caso sinta que os seios estão muito cheios ou doloridos, faça uma ordenha suave para aliviar a pressão e evitar a obstrução dos ductos.

Mastite

A mastite é uma inflamação das glândulas mamárias que pode ocorrer durante a amamentação. Ela é causada geralmente por uma obstrução dos ductos de leite ou por uma infecção bacteriana. Além de poder levar a dor ao amamentar, ela pode causar sintomas como vermelhidão, inchaço, calor e dor no seio afetado. Em alguns casos, pode causar febre e mal-estar geral na mãe.

Como tratar a mastite?

É indicado que a mãe busque ajuda médica assim que perceber os sintomas da mastite. O tratamento costuma ser realizado com antibióticos e deve ser iniciado o quanto antes para não afetar a saúde da mãe e a continuação do aleitamento materno.

Fenômeno de Raynaud (vasoespasmo nos mamilos)

O fenômeno de Raynaud é uma vasoconstrição nos mamilos, causando uma redução temporária do fluxo sanguíneo. Isso pode levar a alterações de cor no mamilo (branco, azul e vermelho) e dor ao amamentar, especialmente após o bebê soltar o peito. Fatores como mudanças de temperatura também podem desencadear o vasoespasmo.

Esse problema costuma ocorrer em mulheres com histórico de fenômeno de Raynaud nos dedos, mas o vasoespasmo secundário também pode acontecer após algum tipo de trauma nos mamilos.

Como aliviar vasoespasmos no mamilo?

A primeira ação deve ser corrigir a pega e a posição do bebê. Dessa forma, a compressão do mamilo na boca da criança é reduzida. Também podem ser usadas compressas mornas nos mamilos, para ajudar no alívio da dor ao amamentar e no retorno da circulação sanguínea.

Evite expor os mamilos ao ar frio após a mamada e faça massagens nos seis, ajudando na circulação sanguínea e aliviando os sintomas.

Dermatite e alergias

A pele sensível dos mamilos pode ser afetada por dermatites, que são inflamações na pele, ou por reações alérgicas a produtos químicos presentes em sabonetes, cremes ou outros produtos utilizados na região. Essas condições podem causar sensibilidade provocando dor ao amamentar.

Como evitar e tratar dermatites e alergias nas mamas?

  • Não utilize pomadas e cremes no local sem a orientação de um médico – algumas substâncias presentes nesses produtos podem obstruir os ductos mamários ou interferir na produção de leite.
  • Aplique leite materno nos mamilos – após cada mamada, espalhe suavemente algumas gotas de leite nos mamilos. O leite materno possui propriedades antibacterianas e antissépticas que ajudam a combater infecções e proteger a pele dos mamilos, contribuindo para a prevenção de infecções e cuidado com a pele durante a amamentação.
  • Evite o uso de sabonetes, shampoos e óleos de banho nos mamilos – esses produtos podem remover a proteção natural da pele e causar ressecamento ou reações alérgicas. Lavar os mamilos apenas com água morna durante o banho é o suficiente para mantê-los limpos e saudáveis durante a amamentação.
  • Observe os seios regularmente – é importante estar atenta a qualquer mudança nos seios e mamilos durante a amamentação. Caso observe vermelhidão, inchaço, dor intensa, secreções anormais ou qualquer sintoma preocupante, busque orientação médica o mais rápido possível. Um especialista poderá avaliar a situação, diagnosticar possíveis problemas e oferecer o tratamento adequado, garantindo uma amamentação mais tranquila e saudável.

Quando buscar ajuda por causa da dor ao amamentar?

A mãe deve buscar ajuda assim que perceber qualquer incômodo ou desconforto durante o processo. Essa jornada não precisa ser solitária, nem angustiante. Um especialista em amamentação pode ajudar em um processo mais confortável e bem-sucedida auxiliando em diversos aspectos como:

  • avaliação da pega do bebê;
  • ensinar técnicas de ordenha para esvaziar os seios de forma segura e eficiente;
  • identificação de problemas específicos como mamilos rachados, mastite ou vasoespasmo;
  • orientação sobre posicionamento durante a amamentação;
  • suporte emocional para ajudar a mãe a ganhar confiança em sua capacidade de amamentar e superar os obstáculos que surgirem.

Além disso, o acompanhamento médico também faz toda a diferença, uma vez que esses profissionais podem identificar e tratar problemas que poderiam levar à desistência do aleitamento materno.

Atualmente, existem medicamentos e tratamentos seguros e eficientes que podem ajudar. Um exemplo é a laserterapia, um tratamento com laser de baixa potência, que estimula a produção de adenosina trifosfato (ATP) nas células, promovendo a regeneração e acelerando o processo de cicatrização dos tecidos danificados.

Com isso, ela alivia ao dor ao amamentar e ainda pode estimular as glândulas mamárias para o aumento da produção de leite.

É importante lembrar que cada mãe e bebê são únicos, e o que funciona para uma mulher pode não ser a solução ideal para outra. Por isso, é fundamental que as mães sejam acolhidas, apoiadas e orientadas por profissionais de saúde durante todo o processo de amamentação.

Se você está enfrentando dor ao amamentar ou outra dificuldade, saiba que você não está sozinha e que existem soluções e recursos disponíveis para ajudá-la. Busque ajuda, informe-se e confie em si mesma.

Com o apoio adequado, muitas mães superam os desafios e vivenciam uma amamentação gratificante e prazerosa. Conheça também a nossa campanha “Mais apoio, menos julgamento”:

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Referências:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-crianca/como-amamentar

https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/amamentar-com-dor-nao-pode-tecnicas-para-evitar-o-desconforto-existem-e-ajudam/