Mesmo após 40 anos – recém-completados em 5 de junho – desde o relato dos primeiros casos da doença, as desculpas para negligenciar a principal forma de prevenção da aids seguem ultrapassadas e empoeiradas, porém letais:
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Mas como, quando e onde tudo começou?
Era uma vez o HIV…
Oriundo a partir de uma mutação do SIV, vírus encontrado no sistema imunológico dos chimpanzés e do macaco-verde africano, o HIV teria sido transmitido pela primeira vez ao ser humano em tribos da África Central que caçavam ou domesticavam esses animais.
1930
Alguns cientistas acreditam que a primeira transmissão tenha ocorrido séculos antes, mas um dos principais estudos sobre a doença aponta este como o ano em que tudo começou.
1959
Primeiro caso comprovado de morte pela doença. Descoberto só décadas depois, o paciente era um homem residente do antigo Congo Belga (hoje Congo).
Anos 60 e 70
Durante as guerras de independência, a entrada de mercenários no continente africano começa a espalhar a Aids pelo planeta.
Até 1980
Surgem diversos casos de doenças que ninguém sabe explicar, com pacientes geralmente apresentando sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer) e pneumonia.
1981
Aids é reconhecida como doença e morre o chamado “paciente zero” nos EUA, um comissário de bordo que teria espalhado a doença em suas viagens.
1982
São confirmados os primeiros 7 casos brasileiros em São Paulo.
1983
Pesquisadores isolam o vírus pela primeira vez. O nome HIV, porém, surge só em 1986.
1985
É criado o primeiro teste de sangue para a detecção do HIV.
1987
Surge o primeiro remédio para ajudar no tratamento da doença, o AZT.
Início dos anos 90
São desenvolvidos tratamentos médicos antirretrovirais, seguidos por terapias multimedicamentosas.
1996
Brasil implementa programa para oferecer o coquetel anti-HIV para toda a rede pública de saúde.
2020
Experimento inédito brasileiro da UNIFESP deixa paciente livre de HIV e eleva esperança para a cura da Aids.
De “Peste Gay” a terror dos héteros
Historicamente, a aids sempre foi estigmatizada e associada à população LGBT+. Não à toa, durante algum tempo, a doença foi oficialmente chamada de “GRID” (Gay Related Disease), “Doença Relacionada a Gays” em português.
Porém, estudos recentes comprovaram que esse tipo de (des)informação não só é discriminatório como ultrapassado: no Brasil atual, homens heterossexuais são o principal grupo afetado pelo HIV! Eles representam 49% dos casos, enquanto homossexuais somam 38% e bissexuais 9,1%.
Surpreendente, né? Nem tanto… Por não fazerem parte do que, até então, se acreditava ser o “grupo de risco” da doença, os homens héteros ficaram alheios às políticas e ações de prevenção da aids, contribuindo para o crescimento dos casos.
E por falar em ações de prevenção da aids…
A camisinha pode até ser uma invenção bem antiga – em 1300 a.C., os egípcios já usavam sobre o pênis um envoltório feito de linho, pele e materiais vegetais para se proteger das ISTs –, mas, de lá pra cá, ela já cansou de ser aprimorada. Por isso, nada de sair por aí usando-a de forma errada:
PODE ou NÃO PODE?
Guardá-la em locais frescos e secos:
PODE
Abrir a embalagem com os dentes ou objetos cortantes:
NÃO PODE
Usar a feminina junto da masculina ou duas ao mesmo tempo:
NÃO PODE
Colocá-la desde o começo da relação sexual, inclusive nas preliminares:
PODE (e deve)
Só usar lubrificantes à base de água:
PODE (e deve)
Reutilizá-la:
NÃO PODE
Passo a passo (masculina)
1 Coloque-a somente com o pênis ereto
2 Desenrole-a até a base, apertando a ponta para retirar o ar
3 Após a ejaculação, retire-a vedando a abertura para que o sêmen não vaze
4 Dê um nó no meio e jogue no lixo
Passo a passo (feminina)
(ao contrário do masculino, o preservativo feminino pode ser colocado até oito horas antes da relação)
1 Encontre uma posição confortável
2 Segure a argola menor com o polegar e o indicador
3 Aperte a argola e introduza na vagina com o dedo indicador
4 A argola maior fica para fora, o que aumenta a proteção
5 Depois da relação, retire-a torcendo a argola de fora para que o esperma não escorra
Inventou moda e não respeitou o dress code?
Procure uma unidade de saúde! Nos casos em que a pessoa acredita ter entrado em contato com o vírus, o médico pode receitar a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV, o famoso PEP. Ela funciona como uma pílula do dia seguinte e deve ser tomada o quanto antes para impedir que o vírus alcance a corrente sanguínea e infecte as células de defesa.
Semelhante à PEP, existe a PrEP, ou Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, um comprimido que se toma regularmente com o objetivo de prevenir a infecção. É indicado para pessoas que têm uma vida sexual exposta a riscos ou, por algum motivo, não conseguem usar preservativos. Ela, no entanto, aumenta a probabilidade de danos ao fígado. Por isso, consulte seu médico.
E atenção: ambos os métodos são eficazes contra o HIV, mas não contra as outras ISTs. Por isso, nunca se esqueça da boa e velha camisinha.
Soropositivo?
Seja positivo!
Já foi tempo que aids era sentença de morte.
Na verdade, graças ao avanço da ciência e do acesso à informação, o cenário dos portadores de HIV tem ficado cada vez mais otimista.
Tratamento da aids
Ter à disposição medicamentos capazes de impedir a transmissão, como a PEP e a PrEP, ou reduzir os efeitos colaterais da doença, como os coquetéis, é extraordinário. Mas a história fica ainda melhor: estamos entrando na era dos medicamentos injetáveis. A dose mensal já é disponibilizada em muitos países, e há estudos sobre opções para injeções a cada seis meses, o que é muito mais fácil e prático do que administrar vários e cansativos comprimidos diários.
Vacina da aids
E por falar em picadinha, hoje, há pelo menos quatro projetos de vacinas contra o HIV em andamento no mundo. O Brasil participa dos estudos de um dos imunizantes, o Mosaico, que envolve instituições do mundo todo e, atualmente, encontra-se na fase 3, quando são realizados testes em seres humanos.
E não se esqueça: na hora H, seja careta.
USE CAMISINHA!
Dezembro Vermelho
Mês de Luta Contra a AIDS