Se você ouve a palavra “esclerose” e logo pensa em alguém idoso, com dificuldades para se lembrar das falas, é bom repensar.

A Esclerose Múltipla (EM) não tem apenas um rosto – e nem preferência por rugas. Ela se manifesta, geralmente, em jovens entre 20 e 40 anos. E, embora ocorra de 2 a 3 vezes mais em mulheres, pode acometer qualquer pessoa, em qualquer idade.

Hoje, 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo têm EM.
No Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença, que é crônica e incurável, mas não é fatal. E se o público-alvo e os sintomas são múltiplos, o mesmo acontece com as possibilidades de tratamento.

Por isso, é importante entender melhor os detalhes da doença, ficar atento aos sinais e procurar atendimento, que pode ser de um neurologista, em caso de desconfiança. E, se você conhece alguém que tenha a doença, oferecer apoio nunca é demais.

O que significa
Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é considerada uma doença autoimune. Ou seja, é um mal funcionamento do sistema imunológico que, em vez de defender o organismo, começa a entender que proteínas de células do corpo são invasoras e a enviar células de defesa para isolá-las e atacá-las.

No caso da EM, quem sofre o ataque é o revestimento dos neurônios, chamada de mielina. Ela funciona como uma capa de fio elétrico, que é um condutor, mas também ajuda a manter a estrutura do neurônio.

Quando o fio desencapa (ou seja, quando a mielina é perdida), as funções do neurônio são prejudicadas, e o fluxo dos impulsos elétricos ao longo das fibras dos nervos sofre interrupções.

Como esses danos acontecem em locais diferentes e em momentos diferentes, os sintomas e a intensidade deles variam muito para cada pessoa.

Quais as causas da Esclerose Múltipla?

Embora não se saiba exatamente a causa da doença, há alguns fatores ambientais e genéticos que podem estar associados ao risco de desenvolver a doença.

Ambientais

• Infecção por alguns agentes virais e bacterianos, como o herpesvírus tipo 6, vírus Epstein-Barr, retrovírus endógeno humano
• Imaturidade do sistema imunológico, que pode ser causada por pouca exposição a bactérias e parasitas durante a infância
• Baixos níveis de vitamina D, devido a pouca exposição solar
• Obesidade e tabagismo

Genéticos

Até hoje, sabe-se que existem mais de 100 genes que podem aumentar o risco para Esclerose Múltipla, e cada um pode aumentar as chances em até 6%.

Tipos de EM

Combata o preconceito, conheça os sintomas

Pessoas com esclerose múltipla podem apresentar diferentes sintomas, alguns até imperceptíveis para quem vê de fora.

Por isso, é importante conhecê-los e ser um foco de apoio e de informação para quem precisa.

Outros Sintomas

Na Fala
Fala mais lenta, dificuldade para se expressar e voz trêmula, além de dificuldade para engolir alimentos líquidos, pastosos ou sólidos.

Na Visão
Visão embaçada e diplopia
(visão dupla).

Na Cognição
Comprometimento da memória
e lentidão ao executar tarefas.

Nas Emoções
Depressão, ansiedade, irritação, alterações de humor e transtorno bipolar.

Diagnóstico

Até o momento, não existe um exame único capaz de diagnosticar a Esclerose Múltipla, nem que possa identificar a doença no estágio inicial.

Como se trata de uma doença com sintomas que podem se confundir com outros quadros clínicos, o diagnóstico é feito por exclusão e inclui análise de sinais e sintomas, exames laboratoriais e de imagem.

Entre eles: ressonância magnética, análise do liquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor e potenciais evocados.

Como tratar a EM?

Cada paciente com EM tem uma necessidade diferente, e é o médico que indica o tratamento adequado para cada caso e cada momento da doença. O diagnóstico precoce e o manejo adequado do caso definem quando e quais medicamentos podem ser utilizados, entre eles, Interferons e Azatioprina, por exemplo.

Recomendações

Embora ainda não exista cura contra a Esclerose Múltipla, existem tratamentos. Além disso, hábitos como boa alimentação e prática de atividade física podem ajudar a manter a qualidade de vida do paciente por maior período de tempo. 

E, mais importante: contar com equipes multidisciplinares durante o tratamento incluindo profissionais de neurologia, neuropsicologia, psiquiatria, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia, entre outros

Rede de Apoio

O baque e o sentimento de incerteza após o diagnóstico de Esclerose Múltipla é praticamente uma unanimidade. E esse choque se reflete para todos que convivem com a doença. Por isso, além dos tratamentos indicados pela equipe médica, o apoio de familiares e entes queridos é fundamental.

Como ajudar um familiar com EM?

• Informe-se sobre a doença em fontes confiáveis
• Seja compreensivo, paciente e sensível
• Demonstre respeito pela situação
• Dê apoio e use palavras positivas
• Estimule todos os tratamentos
• Evite críticas e cobranças

Cuidados com os cuidadores

O tratamento de pacientes com esclerose múltipla exige a atuação de equipe médica em diversas frentes.

Mas os cuidados não param por aí, já que muitas pessoas que têm EM precisam de apoio no dia a dia, desde transporte até o médico até o preparo de refeições. 

Geralmente familiares, esses cuidadores nem sempre assumem o papel por vontade própria e, como essa rotina exige muito, é importante ter cuidado com quem cuida:

• Estabelecer limites de tarefas
• Buscar delegar e dividir responsabilidades
• Garantir folgas periódicas para descanso e lazer
• Procurar alguém com quem compartilhar os sentimentos, angústias e conquistas

Agora, que você já sabe mais da Esclerose Múltipla e conseguiu derrubar alguns tabus, que tal compartilhar esse conteúdo e contribuir com uma sociedade mais inclusiva para quem tem a doença?

Responsável Técnico:
Dr. Sérgio Hércules – CRM 61.605