Quando falamos sobre psicoterapia, ainda existe um grande tabu. Muita gente acredita que ela serve apenas para quem tem transtornos psicológicos graves como depressão, esquizofrenia ou bipolaridade. Há ainda quem pense que fazer terapia seja falta de força de vontade, fraqueza e até autodisciplina.
Estes são grandes enganos, pois a psicoterapia é indicada para qualquer pessoa que tenha questões para lidar, sejam conflitos familiares, problemas no trabalho e até mesmo no relacionamento. O tratamento pode transformar vidas e se trata de um processo sobre autoconhecimento e maneira de enxergar o mundo. Quer entender melhor o assunto? Continue a leitura!
Terapia ou psicoterapia: qual a diferença?
A palavra “terapia” vem do grego “therapeia” e significa “ato de cuidar” ou “tratar”. Por ter um significado mais abrangente, ela pode servir para nomear a psicoterapia, mas também outras áreas como cromoterapia, acupuntura, hipnoterapia, entre outras.
Psicoterapia vem do grego “psykhé” e tem a junção da palavra terapia, portanto, pode-se dizer que psicoterapia é o tratamento para cuidar da mente. Ela precisa ser realizada por profissionais capacitados como os psicólogos clínicos, psicanalistas e psiquiatras.
Como a psicoterapia funciona?
Como já dito no início, a psicoterapia não é apenas para as pessoas que têm transtornos psicológicos graves. Na verdade, ela funciona para qualquer indivíduo que precise de ajuda para lidar com problemas que estejam afetando seu bem-estar.
Os atendimentos ocorrem conforme a corrente teórica do profissional escolhido (veremos sobre isso mais à frente) e é influenciado pelas questões trazidas pelo paciente.
O profissional trata então as emoções, constrói uma relação positiva com o paciente, reconhece a vivência e seu impacto nos problemas atuais, além de intervir em interpretações errôneas da realidade que possam estar ocorrendo.
Também pode haver a realização de ações psicoeducativas com o paciente, que são como tarefas que são realizadas para analisar comportamentos e reações. O trabalho é estabelecido com base em estudos de acordo com a abordagem do profissional e, no final, depende do paciente se abrir e falar sobre suas questões, além da mudança de comportamentos e autorreflexões.
Quais são os benefícios que ela proporciona?
Se você ainda se pergunta por que a psicoterapia é importante, saiba que ela pode trazer diversos benefícios. Veja:
- Autoconhecimento: o autoconhecimento ajuda a entender as fontes das angústias e até mesmo a maneira como enxergamos o mundo, o que pode transformar a maneira como lidamos com as situações do dia a dia.
- Enfrentamento de problemas: muitas pessoas lidam com problemas de maneira superficial, comendo, conversando com amigos, praticando algum hobbie ou mesmo consumindo bebidas alcoólicas e outras atitudes que trazem problemas a longo prazo. Por meio da terapia, há o enfrentamento do problema e a busca pela causa e solução de fato.
- Elaboração de sentimentos: alguns indivíduos não conseguem nomear seus sentimentos ou buscam internalizá-los, sem se expressar. Com o tempo, essas atitudes podem ser prejudiciais para a saúde mental e até física, quando somados.
- Aperfeiçoamento de habilidades: a psicoterapia também pode auxiliar a melhorar a comunicação e interação social quando a pessoa é muito tímida ou ajudar a modificar comportamentos que possam ser prejudiciais e que estão ligados a dificuldades e questões emocionais.
Além dos benefícios citados acima, a psicoterapia pode ajudar você a melhorar o desempenho no trabalho, resolver conflitos familiares ou de relacionamentos amorosos, entre outras diversas questões. A verdade é que todo mundo pode precisar de uma ajuda de vez em quando. Portanto, a terapia é para todos mesmo!
Qual psicoterapia escolher?
Com o passar dos anos, surgiram diversos tipos de psicoterapias, baseadas em estudos de diferentes abordagens. O profissional normalmente baseia sua terapia em uma dessas abordagens, realizando adaptações conforme sua experiência e estudos. Conhecê-las pode ajudar você a selecionar o profissional de acordo com a abordagem com a qual você se identifica. Conheça agora um pouco sobre algumas delas:
Psicanálise
A psicanálise foi uma das primeiras abordagens a serem criadas e, hoje, existem muitos seguidores. Criada por Sigmund Freud, nessa abordagem o paciente expõe seus pensamentos de maneira livre e sem filtros.
Com base nos relatos e percepções, o terapeuta indica conexões entre o que foi dito e o que levou o paciente a buscar ajuda, enquanto acessa memórias do passado e enfrenta traumas e problemas.
Há o estereótipo de que essa abordagem leve em consideração apenas no passado e nas conexões que ele tem. Na verdade, a abordagem da psicanálise analisa o que interfere no presente, analisando o sujeito como um todo. Ela é indicada para quem deseja aprimorar o autoconhecimento, esteja com problemas graves ou não.
Junguiana
Baseada nas ideias de Carl G. Jung e pós-junguianos, essa abordagem tem o objetivo de ajudar o paciente a resgatar sua essência, vivendo de acordo com aquilo que ele é. Nessa abordagem de terapia, o paciente pode falar sobre o tema que preferir, mas é guiado para o tema em torno dos problemas que o levaram a buscar ajuda.
O terapeuta irá analisar o que foi dito de maneira simbólica, ou seja, vai além do óbvio para entender o que mais pode estar causando o conflito ou sofrimento. Ela pode envolver os sonhos, a imaginação ativa, arteterapia, entre outros recursos.
A terapia não é linear e as questões podem ser abordadas posteriormente, sob novo ângulo. O profissional é participativo, ouve e faz pontuações para causar reflexões.
Gestalt-terapia
Desenvolvida por Fritz Perls com a ajuda de sua esposa na época, Laura Perls e auxílio de Paul Goodman, a Gestalt é uma abordagem centrada no paciente e focada em se concentrar no presente. O profissional realiza a análise com base no meio em que o paciente vive, além de observar gestos, posturas, expressões faciais e voz.
São realizados exercícios para que o indivíduo se torne mais consciente de seus padrões de pensamento, reconhecendo comportamentos negativos que possam bloquear a autoconsciência e causar infelicidade.
Cognitivo-Comportamental
Também conhecida como TCC, essa abordagem é baseada nos conceitos do Behaviorismo, uma teoria psicológica que tem embasamento em uma metodologia objetiva e científica.
Ela tem um período mais breve, se compararmos com outras vertentes, e nela, acredita-se que existem pensamentos que são automáticos, desenvolvidos ao longo da vida e que refletem na maneira como lidamos com os acontecimentos.
O profissional ajuda o paciente a perceber esses pensamentos, sejam positivos ou negativos, e lidar com eles, alterando-os quando necessário.
Ela foca em um tipo de comportamento ou distúrbio e o trata, mas, ao longo do processo terapêutico, podem ser tratadas diversas questões diferentes.
Lacaniana
Desenvolvida pelo psicanalista francês Jacques Lacan, essa abordagem teve influência direta das obras de Sigmundo Freud, tendo como base as conversas e o inconsciente. Porém, ela utiliza três conceitos: o simbólico, o imaginário e o real.
O psicanalista lacaniano inicia o tratamento por meio de entrevistas, em que as queixas são analisadas para compreender se o processo pode ser tratado por meio desta abordagem. Diferentemente das sessões de psicanálise, o paciente tem abertura para falar o que o inconsciente ditar, com poucas interferências e sem horário determinado.
As sessões duram o quanto o terapeuta acreditar que devem durar, de acordo com o conteúdo abordado pelo paciente. Após o momento da escuta, o profissional busca as manifestações do inconsciente que levaram ao sofrimento e trabalha para que os sintomas desapareçam.
Com o tempo, o paciente aceita a si mesmo e lida melhor com as limitações e frustrações, além de priorizar sonhos, interesses e desejos próprios.
Nem melhor, nem pior, apenas diferente
É importante ressaltar que, quando falamos em tipos de terapia, não estamos classificando nenhuma como melhor ou pior. Elas são diferentes, assim como os seres humanos, portanto, uma abordagem que não serviu para você pode servir para outra pessoa, e vice-versa.
A psicoterapia funciona mesmo?
Ainda em dúvida sobre a eficácia da psicoterapia? Saiba que ela funciona sim. A pessoa que passa pela psicoterapia tende a lidar melhor com as situações de sua vida e melhorar a sua saúde mental.
No entanto, o tempo e os resultados dependem muito de cada caso, da gravidade e complexidade e até mesmo do esforço do paciente, por isso, é importante ressaltar que não é instantâneo, mas sim um processo gradual.
Agora que você já conhece melhor a psicoterapia e como ela funciona, vem conferir nossa campanha para o Setembro Amarelo e abrir a mente para essa ajuda tão importante!