Embora haja o mito de que a psicoterapia é necessária apenas para pessoas com transtornos mentais e seja até sinônimo de vergonha pedir ajuda, na realidade, o processo psicoterapêutico ajuda a todos os que procuram melhor qualidade de vida e autoconhecimento.
Na terapia, há um ambiente seguro em que é possível falar e, ao mesmo tempo, se escutar e autoconhecer. O psicólogo não aponta dicas, não dá conselhos, nem impõe valores e crenças. Ele guia o paciente para que este possa se reconhecer, entender padrões de comportamento e atitudes para fazer escolhas melhores, identificar capacidades, limites e melhorar sua saúde emocional.
Em cada fase da vida existem algumas dificuldades e situações que podem trazer a necessidade da terapia. Separamos algumas das principais de cada uma dessas fases. Confira!
Psicoterapia infantil
Apesar de não ser um tema muito abordado, a terapia infantil é muito importante quando são identificados comportamentos que indicam distúrbios emocionais. Quando não são tratados, estes problemas podem causar dificuldades na vida adulta, como dificuldades para se relacionar ou conseguir um emprego.
Crianças também podem sofrer de ansiedade, depressão, bipolaridade e outros transtornos que precisam de acompanhamento profissional.
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP, em parceria com a UNIFESP, UFRGS e o CNPq em escolas públicas de São Paulo e Rio Grande do Sul constatou que 80% dos estudantes com transtornos mentais como fobias, ansiedade, déficit de atenção, esquizofrenia e hiperatividade não recebiam tratamento.
Além disso, após exames em 2.511 alunos entre 6 e 12 anos, 652 apresentaram ao menos um transtorno mental, mas apenas 20% já haviam recebido tratamento. Outro número preocupante é que 75% das condições persistem até a vida adulta.
Alguns dos sinais de alerta que podem ser identificados pelos responsáveis para saber quando fazer terapia são:
- tristeza e choro sem motivos aparentes;
- isolamento constante;
- perda de interesse em realizar atividades que costumava gostar;
- falta de concentração para realizar atividades escolares ou em casa;
- aumento ou redução exagerada de fome ou sede;
- atraso no desenvolvimento como na fala, linguagem, andar;
- insônia ou sono excessivo;
- dores frequentes de estômago ou cabeça sem relação com problemas médicos;
- agressividade;
- apatia;
- necessidade de voltar a hábitos como usar chupeta ou fraldas (não ir mais ao banheiro);
- dificuldade de socialização.
Também é importante ressaltar que a identificação e tratamento precoce de transtornos como os de aprendizagem, TDAH e autismo podem proporcionar uma reabilitação eficiente, reduzindo os impactos na vida adulta e proporcionando qualidade de vida e saúde emocional.
Psicoterapia para adolescentes
A adolescência é um período difícil de transformações emocionais e psíquicas que costuma causar mudanças de humor e comportamento, preocupando o próprio adolescente e os pais. A transição do término da infância costuma ser complicada, ocorrem experimentações, dúvidas e há uma necessidade de encontrar uma nova maneira de viver e enxergar o mundo.
A psicoterapia para adolescentes tem o objetivo de proporcionar um ambiente seguro e sem julgamentos para que ele possa falar sobre desejos, medos, angústias e anseios. Ela pode ser essencial para auxiliar no amadurecimento e desenvolvimento emocional.
A terapia na adolescência também é importante para identificar transtornos. Uma pesquisa da OMS afirma que metade dos problemas mentais começa aos 14 anos, e que o suicídio na adolescência é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos.
Além disso, estudos realizados nas últimas décadas apontaram que houve um aumento considerável nos casos de problemas emocionais e de conduta. Inclusive, um estudo recente indicou que 30% dos adolescentes apresentavam transtornos mentais como ansiedade e depressão.
Além desses, existem ainda casos de psicose, transtornos alimentares, autolesão e comportamentos de risco. Alguns dos sinais para saber quando fazer terapia são:
- isolamento social;
- mudanças de humor repentinas e constantes;
- comportamentos de risco;
- apatia;
- dificuldades na escola;
- agressividade excessiva;
- autoestima baixa;
- desatenção e perda de memória;
- dificuldades para dormir ou sono excessivo;
- fome em excesso ou perda de apetite frequente.
Com as mudanças dessa fase, muitas vezes os responsáveis sentem dificuldades de conversar e até de identificar que os problemas estão acontecendo. No entanto, é importante não ignorar os comportamentos, abrir espaço para o diálogo, validar os sentimentos e estender a mão para mostrar que está disposto a ajudar, procurando também transmitir a importância da ajuda profissional.
Psicoterapia para adultos
A fase adulta é permeada por responsabilidades e é comum surgirem dificuldades na vida pessoal, conjugal, familiar e profissional. A psicoterapia nesta etapa da vida proporciona um processo de reflexão, autoconhecimento e autonomia para lidar de maneira diferente ou enxergá-las de uma outra forma as situações que causam angústia, ansiedade, medo ou preocupação.
É possível trabalhar problemas como:
- estresse;
- ansiedade e depressão;
- sentimento de solidão;
- problemas sexuais ou amorosos;
- fobias;
- burnout;
- problemas de socialização e timidez;
- baixa autoestima;
- transtornos como esquizofrenia, síndrome do pânico, bipolaridade, entre outros.
Vale também ressaltar que muitos adultos podem ser diagnosticados tardiamente com problemas como TDAH e autismo, tendo sofrido durante as outras etapas da vida sem o devido diagnóstico. No Brasil, estima-se que 2 milhões de adultos tenham autismo e mais de 360 milhões de adultos no mundo têm TDAH.
Psicoterapia para idosos
É raro vermos a saúde mental de idosos em pauta, mas é algo que precisamos mudar. A terapia proporciona um ambiente seguro para que o idoso fale sobre medos e inseguranças sem julgamentos ou críticas, algo que costuma acontecer no ambiente familiar.
Envelhecer causa mudanças sociais, físicas, emocionais e cognitivas. Aposentadoria, impactos de mobilidade, equilíbrio, metabolismo, agilidade, redução das funções sensoriais como audição, visão, olfato e outros aspectos são fatores comuns.
Cada pessoa reage de uma maneira a essas mudanças, mas é preciso ficar atento, pois elas podem causar problemas psicológicos como ansiedade, depressão, isolamento social, transtornos alimentares, entre outros.
Os idosos são considerados o grupo mais vulnerável à suicídio em todo o mundo e o Brasil tem a média mais elevada de suicídio entre idosos, quando comparado a outros países. A psicoterapia pode auxiliar o idoso a se adaptar a essa nova fase da vida, além de contribuir para a compreensão das mudanças e como lidar com elas.
A psicoterapia não é motivo de vergonha
Se você reconheceu a si mesmo ou alguém em algum momento deste texto, saiba que não está sozinho. A psicoterapia não é motivo de vergonha, muito pelo contrário. Pessoas que fazem terapia tendem a ter uma melhor compreensão sobre si mesmo e o mundo e lidam melhor com as situações que ocorrem em suas vidas.
Agora que você já sabe quando fazer terapia, saiba mais sobre a psicoterapia em nosso artigo “Desmistificando a psicoterapia: entenda como funciona, os tipos e muito mais!”