O diabetes é uma condição de saúde que tem se tornado cada vez mais comum em todo o mundo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o número de adultos que vivem com diabetes nas Américas mais que triplicou nos últimos 30 anos. No Brasil, estima-se que haja mais de 15 milhões de adultos vivendo com a doença.
Compreender quais são os tipos de diabetes, seus sintomas, tratamentos e medidas preventivas é essencial para que todos possam identificar e controlar ou prevenir a doença. Por isso, compilamos as principais informações sobre esse tema de forma simples e acessível. Confira abaixo!
O que é diabetes?
Diabetes Mellitus (DM) é uma condição de saúde em que o corpo tem dificuldade em regular os níveis de açúcar no sangue, por não produzir insulina suficiente ou não usar a insulina adequadamente. A insulina é necessária para que a glicose dos alimentos seja convertida em energia e, quando esse processo é afetado, os níveis de açúcar se elevam, causando problemas de saúde.
Entenda melhor como funciona o processo
Quando comemos alimentos, o nosso corpo transforma os carboidratos em glicose (açúcar), que é usada como fonte de energia pelas células. No entanto, para a glicose entrar nas células, precisamos de uma substância chamada insulina.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, um órgão localizado na região abdominal. Ela age como uma “chave” que abre as células do nosso corpo, permitindo que a glicose entre e seja usada como energia. Em pessoas com diabetes, algo não funciona corretamente nesse processo.
Com isso, podem surgir sintomas como sede excessiva, vontade frequente de urinar, fome constante, perda de peso inexplicada, fadiga e visão embaçada. É importante entender que a diabetes requer cuidados contínuos para evitar complicações futuras, como problemas cardíacos, danos nos nervos, problemas nos rins e dificuldades de cicatrização.
Tipos de diabetes mais comuns
Existem diferentes tipos de diabetes, sendo que eles surgem de maneiras diferentes. Abaixo, explicamos um pouco sobre os quatro tipos mais comuns:
- Diabetes tipo 1 – é uma forma de diabetes autoimune, em que o sistema imunológico ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Esse tipo não é o mais comum, sendo responsável por apenas 5 a 10% dos casos.
- Diabetes tipo 2 – nesse tipo, o corpo desenvolve resistência à insulina ao longo da vida, fazendo com que a glicose se acumule. É o tipo mais comum, correspondendo a 90% dos casos. Sua causa está relacionada a maus hábitos alimentares, sendo geralmente associado ao sobrepeso e sedentarismo.
- Pré-diabetes – é um estágio que acontece quando os níveis de glicose estão elevados, mas não a ponto de ser caracterizado como diabetes tipo 2. Em casos assim, é preciso que o paciente adote hábitos mais saudáveis como alimentação saudável e prática de exercícios para tentar reverter o quadro.
- Diabetes gestacional – como o nome sugere, a diabetes gestacional acontece durante a gravidez. Ele costuma afetar entre 2 e 4% das gestantes e costuma ocorrer pelo aumento excessivo de peso. O exame de diabetes é realizado no pré-natal, uma vez que a doença pode aumentar o risco de complicações na gravidez e no parto, além de uma possível diabetes futura para a mãe e para o bebê.
Quer entender melhor cada um desses tipos? Confira nosso conteúdo que aborda o tema com maior profundidade: Conheça os principais tipos de diabetes.
Sintomas de diabetes
A diabetes é uma condição que apresenta sinais e sintomas específicos e reconhecê-los precocemente pode contribuir para que a pessoa busque o tratamento médico antes de maiores complicações. Confira os sintomas mais comuns:
- Micção frequente e sede excessiva – é comum que pessoas com diabetes sintam uma sede constante e urinem com maior frequência. Isso acontece porque o corpo tenta eliminar a glicose no sangue por meio da urina, resultando em micção frequente e, consequentemente, desidratação e sede intensa.
- Fome excessiva – sentir muita fome, mesmo depois de uma refeição adequada, também pode ser um sintoma de diabetes. Como as células não estão recebendo a quantidade necessária de glicose para obter energia devido à falta de insulina, o corpo envia o sinal de que precisa de mais alimentos.
- Perda de peso inexplicada – ainda que o apetite possa aumentar, a pessoa com diabetes também pode notar uma perda de peso sem motivo aparente. Ocorre que o corpo não consegue utilizar a glicose adequadamente como fonte de energia e começa a queimar gordura e músculos para obter energia.
- Fadiga e fraqueza – sentir-se constantemente cansado e sem energia também pode ser um sintoma da diabetes. A falta de glicose sendo absorvida pelas células pode levar à fadiga, pois o corpo não consegue obter energia suficiente.
- Visão embaçada – a alta glicose no sangue pode afetar os vasos sanguíneos dos olhos e prejudicar a capacidade deles de funcionar adequadamente, causando a visão embaçada.
- Cicatrização lenta – feridas, cortes e lesões que demoram mais tempo para cicatrizar do que o habitual podem indicar diabetes. Esse sintoma surge devido aos altos níveis de glicose no sangue, que podem afetar o fluxo sanguíneo e prejudicar a capacidade do corpo de reparar tecidos danificados.
É importante ressaltar que esses sintomas podem variar de intensidade e nem todas as pessoas com diabetes apresentarão todos eles. Além disso, outros sintomas menos comuns podem estar associados à doença. Sendo assim, caso você apresente algum desses sintomas, é essencial buscar um profissional de saúde para uma avaliação e diagnóstico.
Prevenção de diabetes
O diabetes do tipo 1 não pode ser prevenido, uma vez que tem causa autoimune. No entanto, o tipo 2 e o diabetes gestacional contam com algumas abordagens de prevenção, como você verá abaixo.
Estratégias para reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2
- Mantenha um peso saudável – faça escolhas alimentares saudáveis, controle o tamanho das porções e mantenha-se ativo para ajudar a manter um peso saudável.
- Adote uma alimentação equilibrada – opte por uma dieta rica em frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. Limite o consumo de alimentos processados, ricos em açúcar e gorduras saturadas.
- Pratique atividade física regularmente – a atividade física regular ajuda a controlar o peso, reduzir a resistência à insulina e melhorar a sensibilidade das células à insulina.
- Limite o consumo de bebidas açucaradas – evite ou limite o consumo de refrigerantes, sucos de frutas industrializados e outras bebidas açucaradas, pois elas estão associadas a um maior risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Prevenção da diabetes gestacional
- Mantenha um peso saudável antes da gravidez – se você está planejando engravidar, tente alcançar um peso saudável antes da concepção. Isso pode reduzir o risco de desenvolver diabetes gestacional.
- Alimentação saudável durante a gestação – siga uma dieta equilibrada durante a gravidez, com foco em alimentos nutritivos, como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura.
- Controle os níveis de glicose no sangue – faça um acompanhamento médico adequado durante a gravidez e monitore regularmente os níveis de glicose no sangue, seguindo as orientações do médico.
Adote um estilo de vida saudável
Independentemente do tipo de diabetes, adotar um estilo de vida saudável é fundamental para prevenir a doença ou controlar seus sintomas. Por isso, além de adotar uma alimentação saudável e realizar exercícios físicos, opte por práticas saudáveis como:
- reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e evite fumar;
- dormir o suficiente e manter um bom gerenciamento do estresse;
- realizar exames médicos regulares para monitorar a saúde e detectar precocemente qualquer sinal de diabetes ou complicações relacionadas.
Fatores de risco para diabetes
Embora o diabetes seja uma doença complexa e multifatorial, ela pode ser influenciada por uma combinação de fatores genéticos, estilo de vida e ambientais. Confira alguns deles:
- Histórico familiar – ter casos de diabetes entre pais, irmãos ou parentes próximos aumenta o risco de desenvolver a doença, uma vez que a predisposição genética desempenha um papel importante na suscetibilidade ao diabetes.
- Sobrepeso – estar acima do peso ou obeso aumenta significativamente o risco de desenvolver diabetes. Isso porque o excesso de gordura corporal interfere na capacidade do organismo de utilizar a insulina corretamente, levando à resistência insulínica.
- Colesterol alto e alterações de triglicérides – essas condições afetam a saúde cardiovascular e podem prejudicar a função pancreática.
- Pressão alta – a pressão alta afeta a circulação sanguínea e pode prejudicar o funcionamento adequado do pâncreas.
- Pré-diabetes – o pré-diabetes é uma condição em que os níveis de glicose no sangue estão elevados, mas não o suficiente para ser diagnosticado como diabetes. Ele aumenta o risco de desenvolver a doença no futuro.
- Síndrome de ovários policísticos – essa condição hormonal pode interferir na regulação dos níveis de insulina no organismo.
- Apneia do sono – a interrupção do sono afeta negativamente o metabolismo e a regulação da glicose.
- Doenças crônicas – ter outras doenças crônicas, como doença cardíaca, doença renal ou doença hepática, aumenta o risco de desenvolver diabetes, já que essas condições podem afetar o funcionamento adequado do sistema metabólico.
- Histórico de diabetes gestacional – mulheres que tiveram diabetes gestacional durante a gravidez têm um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 posteriormente na vida. Da mesma forma, crianças nascidas de mães com diabetes gestacional também podem ter uma pré-disposição maior de desenvolver a doença.
Vale lembrar que nem todos os fatores de risco garantem o desenvolvimento da diabetes, mas é importante estar ciente deles para tomar medidas preventivas e controlar os riscos.
Diagnóstico e tratamento de diabetes
O diagnóstico de diabetes pode ser realizado por meio de três exames: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e curva glicêmica. Todos eles são solicitados pelo médico, que indicará a melhor maneira de identificar o problema.
Tratamento para o diabetes do tipo 1
O tratamento para o diabetes tipo 1 envolve a administração diária de insulina. Isso porque as pessoas com diabetes tipo 1 não produzem insulina suficiente ou nenhuma, sendo necessário fornecer insulina externamente para controlar os níveis de glicose no sangue, prevenindo complicações a longo prazo.
O médico trabalhará em conjunto com o paciente para determinar a quantidade adequada de insulina. Ele levará em consideração fatores como idade, peso, atividade física, dieta e padrões de glicose no sangue.
Além da administração de insulina, é fundamental adotar um estilo de vida saudável e contar com o apoio de uma equipe de saúde multidisciplinar, que pode incluir endocrinologistas, nutricionistas, entre outros profissionais.
Tratamento para o diabetes do tipo 2
Na diabetes tipo 2, nem sempre a aplicação da insulina é necessária. Por vezes, a prática de exercícios físicos e a mudança na alimentação pode ajudar. Porém, em outros casos, também pode ser necessário o uso de medicamentos orais para estimular a produção de insulina pelo pâncreas e/ou impedir a digestão e absorção de carboidratos no intestino.
Tratamento para diabetes gestacional
As primeiras medidas adotadas em quadros de diabetes gestacional são relacionadas à alimentação, controle de peso e realização de atividades físicas. A quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos influencia muito nos níveis de açúcar no sangue. Enquanto isso, os exercícios físicos de baixo impacto auxiliam no nível glicêmico e auxilia na insulinoterapia. Quando eles não são suficientes, podem ser indicados medicamentos.
Em todo caso, os profissionais de saúde que acompanham a gestante devem recomendar as melhores alternativas de acordo com as necessidades individuais da mãe e do bebê.
Complicações da diabetes
Altos níveis de açúcar no sangue podem levar a uma série de complicações a longo prazo se não forem controlados. Alguns exemplos incluem:
- danos aos olhos (retinopatia diabética, catarata e glaucoma);
- problemas nos rins (nefropatia diabética);
- danos nos nervos (neuropatia diabética);
- doenças cardiovasculares (doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral, por exemplo);
- problemas nos pés (pé diabético)
- problemas de pele (pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bactérias);
- dificuldade de cicatrização de feridas.
Em casos mais graves, a doença pode levar até mesmo a amputações. Por isso, é importante manter um bom controle da glicose no sangue, pressão arterial e colesterol, além de adotar um estilo de vida saudável, para reduzir o risco de complicações a longo prazo.
Prevenção de complicações
A prevenção de complicações do diabetes envolve medidas importantes para controlar a doença e adotar um estilo de vida saudável.
Isso significa manter um bom controle da glicose no sangue, por meio de uma alimentação saudável, prática de atividades físicas, evitar hábitos como tabagismo e consumo de álcool, além de realizar exames regularmente para monitorar a saúde de modo geral.
Além disso, é importante tomar cuidado com os pés, uma vez que o fluxo de sangue é reduzido, bem como a sensibilidade, proporcionando maior facilidade de feridas, úlceras e infecções. Quando não são bem cuidadas, essas feridas podem levar à amputação.
Sendo assim, também é importante que a pessoa com diabetes examine regularmente os pés buscando possíveis feridas. Além disso, evite andar descalço, não tire cutículas e cantos das unhas, lave e seque bem os pés diariamente.
É questão de tempo para virar açúcar
Considerando que a alimentação é um dos pilares principais do controle dos níveis de açúcar do sangue, é importante espalhar uma mensagem que nem todo mundo tem conhecimento: não são apenas os doces que impactam a glicemia.
Alimentos salgados como pães, tortas, biscoitos, processados e ultraprocessados e até mesmo carnes gordurosas e bebidas como refrigerantes, cerveja e outras bebidas alcoólicas podem levar ao diabetes ou impactar em seu controle. Confira mais sobre o tema em nossa campanha “É questão de tempo para virar açúcar”: