Nos últimos anos, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem ganhado uma visibilidade maior, trazendo à tona dúvidas muito importantes para o diagnóstico. Dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention) estimam que exista um caso de autismo a cada 36 crianças, sendo que ele ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos e é 4 vezes mais comum entre meninos do que entre meninas. A dificuldade no diagnóstico e da falta de conhecimento mais aprofundado sobre os sintomas do autismo ainda são desafios muito presentes que precisam ser combatidos. Por isso, trouxemos neste conteúdo as principais questões sobre o tema. Continue a leitura e confira!

O que é autismo?

Já podemos começar abordando que o autismo não é uma doença. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) trata-se de uma alteração no desenvolvimento neurológico que passa a se manifestar na infância e tem entre suas características dificuldades na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito e movimentos repetitivos).

É frequente que pessoas com TEA apresentem também outras condições como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, depressão e epilepsia. O nível de funcionamento intelectual pode variar, sendo que alguns autistas possuem deficiência intelectual e outros não.

Quando os sintomas do autismo costumam surgir?

Os sinais de autismo costumam ser notados quando a criança ainda é pequena, geralmente, antes dos 3 anos de idade. Algumas crianças apresentam sintomas de TEA nos primeiros 12 meses de idade, enquanto outras ganham habilidades e desenvolvem-se bem até os 18 a 24 meses, quando param de ganhar habilidades ou perdem as que já tiveram.

Quais são os sinais do Transtorno do Espectro Autista?

Entre os sintomas do autismo mais comuns podemos citar:

  • não responder quando for chamado e demonstrar desinteresse com as pessoas e objetos ao redor;
  • dificuldade para compreender gestos, expressões e outras mensagens não verbais típicas de comunicação entre pessoas;
  • falas ou movimentos estereotipados ou repetitivos (agitar as mãos ou estalar os dedos repetidamente, alinhar brinquedos);
  • preferência por sempre fazer tarefas sozinho;
  • ter dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma frase ou palavra com frequência;
  • apresentar falta de filtro social (sinceridade excessiva);
  • fixação grande por determinado tema, buscando informações e abordando constantemente o assunto;
  • seletividade em relação a cheiro, sabor e textura de alimentos;
  • dificuldade de contato visual;
  • hipersensibilidade ou hiper-reatividade sensorial.

Embora essas características ajudem a identificar a presença do autismo, é importante saber que elas variam e nem todos os autistas apresentam todas as características de uma só vez. Tanto que o termo “espectro” foi incluído ao nome transtorno do espectro autista, com o objetivo de expressar que cada autista tem um conjunto de manifestações, tornando-o único dentro desse espectro. Confira abaixo o vídeo que fizemos sobre esse tema:

Como funcionam os graus de autismo?

O DSM-5 (5ª versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) passou a caracterizar o Transtorno do Espectro do Autismo e classificá-lo como um Transtorno do Neurodesenvolvimento e definiu os níveis baseando-se na necessidade de suporte das atividades diárias:

Nível 1: pouca necessidade apoio

Neste nível, são encontradas pessoas com problemas para iniciar interações e que mostram menos interesse em relacionamentos, mas apresentam pouco ou nenhum prejuízo na linguagem funcional.

Nível 2: necessidade moderada de apoio

Nesta classificação, as pessoas já contam com maior dificuldade na comunicação verbal e não verbal, além de habilidades sociais limitadas. Os padrões de comportamentos costumam ser mais rígidos e há maior dificuldade em lidar com mudanças. Além disso, as pessoas podem ou não ter deficiência intelectual e linguagem funcional prejudicada.

Nível 3: muita necessidade de apoio substancial

No nível 3 de suporte ocorrem prejuízos mais graves à comunicação verbal e não verbal, além de dificuldades maiores em tarefas de rotina, inclusive fisiológicas, mesmo quando as pessoas recebem apoio. Podem ser completamente resistentes às mudanças de rotina, que podem gerar crises de estresse e ansiedade.

Embora existam os termos “autismo leve”, “autismo moderado” e “autismo grave”, o mais adequado é falarmos em níveis de suporte, uma vez que o autismo, mesmo quando demanda um nível de suporte menor, não significa que não haja implicações e dificuldades em seu dia a dia.

CID e o autismo

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) é utilizada em todo o mundo com o objetivo de facilitar diagnósticos mais assertivos e atualizados. Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a CID-11, que trouxe um novo código, além de novas subdivisões.

A classificação antiga (CID-10) englobava o autismo nos Transtornos Globais do Desenvolvimento por meio do código F84 e tinha subdivisões como o Autismo Infantil (F84.0) e a Síndrome de Asperger (F84.5), além de não considerar outras especificidades do espectro.

A nova versão agora é identificada pelo código 6ª02, e as subdivisões estão relacionadas à presença de Deficiência Intelectual e/ou comprometimento da linguagem funcional.

O autismo tem cura?

A resposta é: não. Uma criança diagnosticada com autismo será autista em todas as fases de sua vida. Porém, ao realizar as intervenções necessárias com acompanhamento médico e psicológico, podem desenvolver as habilidades prejudicadas para uma maior qualidade de vida e bem-estar.

As intervenções como o tratamento comportamental precisam ser iniciadas o mais cedo possível, após a identificação dos sintomas de autismo, e o diagnóstico é clínico, feito por meio de observações da criança, além de entrevistas com os pais, testes e outras ferramentas específicas aplicadas por profissionais.

Agora, que você já conhece mais sobre os sintomas do autismo, compartilhe este conteúdo para que outras pessoas possam saber mais sobre o tema!

Fontes:

https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/facts.html

https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/signs.html

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders

https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista